Segundo dia do Marés Vivas abriu com a pletórica Soraia Tavares, dona de uma voz e de uma presença muito fora de vulgar. A seguir, no palco principal, o furacão Marisa Liz conseguiu coros comovidos.
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O dia arrancou muito cinzento e com um calor abafado de tempestade prestes a estalar. A frase de Ben Harper, afixada na entrada do recinto do Meo Marés Vivas, em Gaia, quase parecia paradoxal: "She's only happy in the sun". A outra parede ficou dedicada a Marisa Liz, uma das figuras mais adoradas da música portuguesa.
Soraia Tavares abriu o segundo dia do festival com a sua maravilhosa voz de musical e um figurino muito sui generis, uma saia de slides de 1995 e uma fotografia colada na blusa. Se algumas vezes as letras são displicentes - "Vamos ser felizes como Ben e JLo" ou “Odeio”, odeio, odeio saber que no fim não te odeio" - tudo é perdoável à sua voz.
Animal de palco, dança com o guitarrista Paulo Araújo, e tem trejeitos elegantíssimos. É um prazer vê-la e ouví-la, mesmo quando recorre a lugares-comuns, como quando pediu ao público para levantar a mão quem já havia tido "o coração partido". A pergunta foi feita várias vezes no festival, como se o recinto fosse repentinamente uma terapia coletiva.
Versando sobre o tema da inclusão, Soraia Tavares cantou o “A beleza vai mudar o Mundo” e confessou sentir-se muitas vezes excluída.
Furacão Marisa Liz
De seguida, foi a vez do portento Marisa Liz abrir o Palco Meo, o principal, com as palavras "Free people" (Libertem as pessoas, em tradução livre) inscritas no vestido. A cantora, que apresentou o seu álbum mais recente, "Girassóis e tempestades", congrega uma legião de fãs, também muito a reboque da sua participação nas dez edições do "The Voice". Entre os vários êxitos, tocou "Garota", que se tem tornado numa das músicas do verão, e "Guerra nuclear", o tema que tomou préstimo de António Variações. Mas também nas suas baladas, como em "Foi assim que aconteceu", conseguiu coros comovidos em uníssono.