Sem telemóvel mas com animais a sério

Em plena serra do Gerês, a freguesia de Santa Isabel do Monte, no concelho de Terras de Bouro, tem uma particularidade: não se visita, fica-se. E desfruta-se do silêncio, da simpatia e da calma de um dos mais bem guardados segredos do país. E como tal, deve ficar. O telemóvel não serve para nada e apenas as duas casas de turismo rural, propriedade da autarquia, dão um ar de "modernidade", a um lugar sem café, mercearia, apenas com espigueiros, mamoas e moinhos.

Com a passagem de dois trilhos pela freguesia, de vista obrigatória é a aldeia de Campos Abades, cuja composição do núcleo populacional é completada com espigueiros, palheiros, currais e pequenas hortas unidos/separados entre si por muros de pedra solta, formando um conjunto compacto e concentrado, característico do povoamento serrano do Noroeste português.

É um dos segredos mais bem guardados pelos habitantes da freguesia e por isso mesmo, ninguém fala nem ninguém sabe, nem ninguém quer saber. "Mafarrico" também conhecido por demónio ou diabo. É à volta dele que se construiu uma lenda que os mais antigos ainda hoje se benzem antes de a contar "não vá o Diabo tecê-las!".

A "Lenda Do Mafarrico" passa-se na zona de Rebordochão, onde existem umas alminhas que, ao contrário de todas as outras espalhadas pelo resto da freguesia, têm uma particularidade: a cruz de pedra que lhe pertence não está em cima do oratório mas ao lado. Os populares já tentaram por diversas colocar a cruz no sítio dela, mas no dia seguinte aparece sempre no local de onde foi retirada. Obra atribuída ao demo até porque é impossível uma pessoa sozinha conseguir deslocar a pedra.

Um dos mais emblemáticos trilhos do país demora seis horas a percorrer e tem mais de 30 moinhos para ver ao longo do seu percurso.