Não há grandes memórias de uma peça de teatro causar incidentes internacionais. Mas a 26 de janeiro de 1967, uma produção teatral causou grandes dissabores entre Lisboa, então capital do Império, e Estocolmo. Numa crítica direta ao colonialismo português, o dramaturgo alemão Peter Weiss estreia na capital sueca o musical político "Gesang vom Lusitanischen Popanz".
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Mais tarde apareceu traduzido como "Canto do Papão lusitano". Evidentemente, a Censura proibiu a apresentação pública do espetáculo, considerado um insulto à História portuguesa. O "Diário de Notícias" titulou à época "O espantalho sueco", num artigo enaltecedor da história de Portugal e proporcionalmente redutor da Suécia.
A tese escrita por Maria Manuela Dellile, guardada no repositório da Universidade de Coimbra, relata uma série de episódios sobre a apresentação desta produção que merece uma leitura atenta, pela quantidade e diversidade de reações públicas que se acumulam à passagem do tempo por esta obra.
Em 2017, o Teatro da Garagem repôs o espetáculo e merece a visita:
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No mesmo dia, 21 anos depois, estreava no Her Majesty's Theatre, em Londres, "O fantasma da ópera" de Andrew Lloyd Weber, que mudaria para sempre a história dos musicais:
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Falando em colonialismo, esta data é assinalada na Índia como o Dia da República - dia em que a Constituição entrou em vigor, em 1950. Hoje também se celebra o Tratado de Comércio e Navegação entre Portugal e o Japão, firmado em 1897. A propósito destas efemérides orientais, há duas instituições em Lisboa que merecem a visita, ainda que de momento apenas virtual. Sokyo Lisbon é uma galeria de arte de cerâmica japonesa que abriu portas em setembro. O Museu do Oriente merece ser conhecido assim que possível, mas enquanto permanece o confinamento a sua livraria online é uma excelente alternativa.
Hoje cumprem-se 16 anos que o arquiteto Eduardo Souto Moura ganhou o Prémio Secil de Arquitetura pelo projeto do Estádio do Braga, ainda antes de ganhar o Pritzker e o Leão de Ouro em Veneza. É a ocasião perfeita para visitar virtualmente o acervo que depositou na Casa da Arquitectura em maio, composto por 604 maquetes, cerca de 8 500 peças desenhadas e toda a documentação textual e fotográfica que complementa os projetos.