Artista brasileira Luedji Luna regressa esta semana a Portugal para dois concertos muito esperados em Lisboa e no Porto.
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Hoje à noite em Lisboa (B. Leza) e sábado no Porto (Hard Club), Luedji Luna vai mostrar as razões pelas quais a sua música é cada vez mais seguida. No Brasil, onde é considerada um dos valores seguros da nova geração, mas também na Europa, continente em que realizou nas últimas semanas uma digressão que termina agora em Portugal.
Como está a antecipar este seu regresso iminente a Portugal?
Chego cansada de uma turnê intensa. Porém, muito empolgada com tudo o que estamos vivendo nessa semana. Portugal vai pegar uma banda aquecida!
Do que se recorda ainda das passagens anteriores pelos palcos portugueses?
Lembro-me de todos cantando e sentindo.
Está prestes a terminar uma digressão europeia que, nas últimas semanas, a levou até países como a Inglaterra, Chéquia, Alemanha ou Espanha. São culturas com vibrações muito distintas. Acha que a música supera essas barreiras?
Supera! A música é uma linguagem universal. Divina e transcendental.
Após dois anos sem concertos, estar em cima do palco deve ser especial. Quais as primeiras impressões sentidas após o regresso?
Sinto que não só os artistas, mas também o público sentia falta dos palcos. Está todo mundo muito excitado em poder viver de novo. Sim, estar junto é se sentir vivo, somos seres sociais por natureza.
Faz parte da nova geração de cantoras e compositoras brasileiras, muito influenciada pelo samba ou funk, mas também pelo rock ou rap. É uma geração mais aberta a influências que outras paragens que não exclusivamente as brasileiras?
A música brasileira, desde a Tropicália, e antes dela, sempre bebeu do mundo. Na minha opinião, é a música mais rica que existe no mundo. A minha pesquisa é em África!
As canções e letras do seu mais recente disco são igualmente poéticas e reivindicativas. É um disco assumidamente ativista?
Não. É um disco poético, e amoroso. Falo de amor, e amar é um ato político também. Amar mulheres pretas.
Ser mulher, negra e artista no Brasil de hoje, governado por Jair Bolsonaro, é um triplo fator de discriminação?
É uma desgraça sem fim, mas democraticamente iremos vencer esse momento.
Como pode a música ajudar a combater esses estereótipos e preconceitos?
A música já tem feito o seu papel, cabe agora à branquitude fazer a sua própria parte e civilizar-se.
Trocar o curso de Direito pela música foi uma decisão muito difícil para si. Como recorda à distância de mais de dez anos esse momento?
Não foi difícil, porque no fundo nunca quis o Direito. Foi mais difícil para a minha família, mas eles já aceitam.
O Brasil vai ter dentro de algumas semanas umas eleições presidenciais muito importantes para o seu futuro imediato. Qual a fé que deposita nesse ato eleitoral para fazer diminuir a tensão dos últimos anos?
Há muitos Brasis no Brasil. Que vença o Brasil em que eu acredito!