Universidade de Coimbra cria grupo de "património sensível" para estudar casos da colonização.
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“Como eram os rostos dos decepados? Onde estão os restos dos corpos dos crânios? Quando retornam os ossos usurpados? Quem os espera? Quem ainda se lembra? Quem quer esquecer?” - estas eram algumas das perguntas que Zia Soares , primeira diretora artística negra de uma companhia teatral (Teatro Griot) em Portugal fazia na obra “Fanun Ruín” apresentada em 2022. A produção teatral surgiu na programação do “Europa Oxalá”, exposição desenvolvida pela Fundação Gulbenkian com obras de 21 artistas cujas origens familiares se situavam nas antigas colónias em África, nascidos e criados num contexto pós-colonial.
Estes rostos a que se refere são os dos “35 crânios, são eles de pessoas adultas de um e de outro sexo, que pereceram às mãos das forças auxiliares do Governo na guerra de Laleia de 1878 a 1879, contra o facínora e rebelde Manuel dos Remédios”, mencionados no estudo do investigador Ricardo Roque. O excerto é da carta enviada em 1881 pelo Superior da Missão de Timor, o Reverendo António Joaquim de Medeiros, para o governador da colónia. Quando a peça de teatro foi apresentada, levantou muitas questões.