
Sérgio Godinho ao JN: "Deu-me um gozo particular escrever para aquelas figuras"
Foto: Reinaldo Rodrigues / Global Imagens
Cantor atua este sábado no Batalha Centro de Cinema, na estreia do filme musical de Duarte Coimbra. “Vai ser um prazer e um encontro de alto nível”, confessou o artista ao JN.
“Vou dividir os vocais com os bonecos. Vai ser um encontro de alto nível.” Os bonecos talvez possam dizer o mesmo e até cantarolar “Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida” quando partilharem o palco com Sérgio Godinho na estreia do filme musical “Os amigos do Gaspar: Uma reunião na cidade”, que assinala este sábado, em duas sessões gratuitas, o primeiro aniversário do Batalha Centro de Cinema, no Porto.
Baseado na série que marcou uma geração – aquela que via programas infanto-juvenis no final da década de 1980 –, a fita de Duarte Coimbra recupera as figuras desenhadas por João Paulo Seara Cardoso, como Gaspar (o protagonista), o Farturas, a Clarinha, o ouriço Manjerico ou o Guarda Serôdio.
Também memorável foi a banda sonora criada por Jorge Constante Pereira e Sérgio Godinho, que viria a dar origem ao álbum “Sérgio Godinho canta com os amigos do Gaspar” (1988), onde se incluíam êxitos como “É tão bom “ e “Canção dos abraços”. É justamente a partir desses temas que se constrói a nova aventura das personagens, que se passa em ruas e locais do Porto da atualidade.
Momento alto da sessão deste sábado será a participação ao vivo de Sérgio Godinho, homem imbricado com os bonecos desde o primeiro momento: “Não foi a primeira experiência que tive com criações para a infância e juventude”, diz o autor de “À queima-roupa”, primeiro álbum que editou após o 25 de Abril.
“Já tinha escrito letras para ‘A árvore dos Patafúrdios’, outra série criada com o João Paulo e o Jorge. E, antes disso, escrevi a peça ‘Eu, tu, ele, nós, vós, eles’, que recebeu o prémio de teatro infantil da Secretaria de Estado da Cultura em 1982. Quando chegámos ao Gaspar, já havia muita cumplicidade e estive envolvido na idealização das personagens. Foi uma série de grande qualidade, lúdica e inteligente. E deu-me um gozo particular escrever para aquelas figuras.”
Godinho não participou diretamente na realização do filme de Duarte Coimbra, que é comissariada pelo Batalha e junta elementos da equipa original e novos intervenientes, mas já o viu e gostou: “É um musical apoiado nas canções. Os décors remetem para o Porto de hoje, há personagens que me dobram, será um prazer dividir o palco com elas.”
Além dos álbuns icónicos e do trabalho para bandas sonoras, o cantor prepara-se para lançar o seu terceiro romance, “Vida e morte nas cidades geminadas”, mas quanto ao tema do livro, e quais as canções que irá interpretar hoje, Godinho prefere guardar surpresa.
