50 horas de atividades gratuitas no regresso do maior evento gratuito de cultura contemporânea de 30 de maio a 1 de junho
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A 19.ª edição do Serralves em Festa regressa “como o Natal e como os impostos” entre os dias 30 de maio a 1 de junho e volta a afirmar-se como o maior evento gratuito de cultura contemporânea em Portugal. São 50 horas consecutivas de programação, com centenas de atividades todas gratuitas, interpretadas por mais de 500 artistas, para todas as idades, em mais de uma dezena de espaços do Parque e da Fundação de Serralves, do Museu à Casa do Cinema Manoel de Oliveira, passando pela nova Ala Álvaro Siza.
”Um espaço seguro para ideias inseguras”, sintetizou Phillipe Vergne, diretor da instituição na apresentação. A festa chamou à Fundação o ano passado 275 mil visitantes Este ano, a grande aposta recai novamente nas Artes Performativas, com propostas de nomes consagrados e coletivos internacionais que refletem a diversidade estética e política da dança e da performance contemporânea.
Espaços que respondem
Boris Charmatz é um dos grandes destaques desta edição do Serralves em Festa. O coreógrafo francês traz a Serralves “20 Dancers for the XX Century”, um projeto que transforma bailarinos em arquivos vivos, revisitando solos icónicos da dança moderna e contemporânea, destacou Cristina Grande, programadora de artes performativas da Fundação. Uma performance em movimento, em que a história da dança se transmite entre corpos, num gesto de continuidade e resistência.
Já os Poncili Creación, dupla de artistas performativos de Porto Rico, prometem um espetáculo visualmente arrojado, onde marionetas gigantes, som e interação direta com o público criam um universo fora da norma, com humor e crítica social em doses iguais.
Quarto, coletivo que cruza artes visuais e performance, apresenta “Moving Landscapes”, instalação que convida à reflexão sobre o nosso distanciamento físico e simbólico da natureza. Um cubo metálico em cenário natural serve de ponto de partida para interrogações sobre o excesso, a paisagem e o olhar contemporâneo.Em “EDNI”, a dupla João Martinho Moura e Né Barros funde dança e tecnologia, numa performance onde sensores, projeções e movimento constroem uma paisagem digital habitada por corpos humanos. Uma pergunta atravessa toda a peça: poderá a tecnologia alguma vez captar o que nos torna humanos?
Por fim, Cristina Planas Leitão & Cia apresentam “[hug]”, uma coreografia grupal para 20 intérpretes que parte do conceito de colapso para ensaiar um reencontro, o corpo coletivo como espaço possível para reinício.A música também é um dos destaques desta edição com uma programação que inclui os britânicos Spiritualized. Liderada por Jason Pierce, a banda traz rock espacial, gospel e psicadelismo.
Conhecidos por atuações intensas, prometem um concerto memorável num encontro entre música e arte contemporânea. Outros dos regressos são os Três Tristes Tigres que estiveram presentes na primeira edição do certame, como relembrou Pedro Rocha, curador de música. O “Edutenimento” como lhe chamou Vergne será o foco do programa familiar que tem como grandes destaques “Girafe” dos Xirriquiteula Teatre e “Dolce Salato” dos Carpa Diem, dois padeiros acrobatas discutem em torno de um livro de cozinha.
Três espetáculos para fazer o aquecimento da festa de Serralves
O festival começa fora de portas, a 29 de maio, o warm-up do Serralves em Festa vai aquecer a vontade dos espectadores, na Baixa do Porto e em Vila Nova de Gaia. O coletivo francês Clan Cabane atua em frente ao El Corte Inglés, às 19.30 horas, com um espetáculo feito com dois trampolins e várias traves de madeira. Na Rua de Santa Catarina, os porto-riquenhos Poncili Creación apresentam os seus números mágicos com marionetas em espetáculos às 12.30 horas e 17.30 horas. M. Culbuto surge às 13.30 horas e 18.30 horas com o seu universo excêntrico de teatro e circo de rua para mostrar os seus dotes de personagem híbrida meio homem e meio brinquedo.