
Igor Martins / Global Imagens
Serralves e Jardim Botânico acolhem até outubro exposições iluminadas que recriam atmosfera envolvente.
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Habituada há longos anos aos passeios dominicais pelos jardins de Serralves, Amélia Castro olha com incontido espanto para a subitamente estranha Alameda dos Liquidâmbares, mergulhada em focos de luz que acentuam tonalidades ou camadas que nem sequer imaginávamos.
"Parece outro espaço totalmente diferente, não?", exclama a professora aposentada, rendida aos efeitos luminosos que incidem sobre a abundante vegetação existente.
Com uma simples variação de luz, percorremos as quatro estações do ano em minutos, como se pudéssemos viajar no tempo através de um dispositivo secreto e ultrasofisticado.
Desde o final da semana passada que "Serralves em luz" propõe novos olhares sobre o seu celebrado espaço natural. Como sublinha Nuno Maya, designer de luz que coordenou o projeto, "não se trata só de iluminar o parque, mas também criar perceções distintas".
Esses estados de alma aparecem com frequência ao longo do percurso de três quilómetros, durante os quais ora nos extasiamos com a impressionante aurora boreal que se espraia por cima das nossas cabeças, mesmo em frente à Casa de Serralves, ora nos sentimos embevecidos com as bolas de luzes (em tudo semelhantes à lua) que nos seguem os passos enquanto fazemos o "treetop walk", absorvendo o aroma suave das árvores, situadas a poucos metros de nós.
Os 24 pontos de luz existentes asseguram, todavia, outras experiências. "Até imersivas e sonoras", assegura Maya, co-fundador e diretor artístico do Lumina, em Cascais, que trabalhou a arquitetura dos espaços a partir de luzes LED, halogéneo e laser para recriar fenómenos atmosféricos variados.
Até 17 de outubro vai ser possível visitar Serralves, mediante uma entrada que custa 12 euros e meio, em modo(s) noturno e de luz.
Da Índia ao Egito
No Jardim Botânico, o desafio pode ser distinto, mas a premissa não. Depois de ter passado por Lisboa, atraindo um total de 70 mil visitantes, "Magical garden" aterra agora no Porto com 17 experiências luminosas que recriam, até 3 de outubro, atmosferas históricas ou paisagísticas marcantes.
As lanternas poderosas e o recurso ao "video mapping", bem secundados por uma banda sonora envolvente, ajudam a transformar o jardim num improvável parque de diversões.
A cada recanto, num constante jogo de luzes e sombras, o visitante tanto pode confrontar-se com o mundo jurássico, com réplicas gigantes dos mais ferozes dinossauros, como dar de caras com ambientes que remetem para a Índia, o Antigo Egito ou o deserto. O preço dos bilhetes varia entre os 8 e os 10 euros.
