
"Lightless" de Sara Bichão
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“Lightless” é o título da exposição de Sara Bichão que inaugura esta quarta-feira e se encontra patente até 3 de novembro no Museu de arte contemporânea de Serralves, com curadoria de Inês Grosso, curadora-chefe do Museu.
Foram mais de 40 dias de produção que resultaram na mostra que reúne um grupo de trabalhos produzidos durante uma série de residências. Sara Bichão transformou uma pequena sala da quinta do Parque de Serralves num atelier onde, inspirada no ambiente e nos seus recursos, desenvolveu obras que partem de um reaproveitamento de "materiais usados de maneira periférica por outros artistas e que ali ficaram, mas que têm uma memória forte, que vibra, quando trabalhamos com essa matéria".
A “Tumba”, dez sacos sobre plataforma forrada a linóleo, “Pedras”, Dez crânios com olhos luminosos, “Casulo”, um saco suspenso, “Um”, tinta acrílica sobre película espelhada, “Oásis”, conjunto de azulejos, “Noite”, instalação com mangueiras e led azul e “Cave”, uma porta com carpete, são as obras que integram a exposição na penumbra da Galeria Contemporânea do Museu. Mas, ao contrário, a Capela da Casa de Serralves é brindada com série de desenhos de Sara Bichão, que são iluminados pela luz que atravessa o janelão do espaço, criando assim a dualidade que dá origem ao nome do título da exposição envolto em simbologia e mistério.
Preocupação ambiental
Desde que começou a trabalhar, a artista confessa que “a preocupação ambiental vem ganhando peso na mesma medida em que eu como pessoa tenho hoje mais consciência do que tinha” e reconhece ainda que é "incapaz, de pedir para me produzirem mais quilos de plástico, mas porque penso que é realmente desnecessário. E no âmbito criativo, é que é mesmo. Para se ser criativo e fazer poesia, bastam palavras".
Corpos amontoados no chão, rostos que nos observam na penumbra, um casulo suspenso, mangueiras com luzes LED azuis produzindo um serpenteado no teto, são alguns dos constituintes das obras da exposição. No seu trabalho, a artista utilizou o saibro, que serviu
para a elaboração de um conjunto de esculturas, dez cabeças, com olhos iluminados, restos de azulejos verde-água, que revestem a fonte no jardim da Casa de Serralves, e outros resíduos, como mangueira, pigmento de uvas, pvc, fibra de coco e tecidos.
O que é a arte?
Sara Bichão considera a arte como "um ato de resistência, uma ferramenta para desafiar as normas estabelecidas e promover uma consciência coletiva sobre a importância da sustentabilidade e do respeito pelo meio ambiente". E criticou "a produção artística contemporânea que vê a arte como mercadoria comercial, contribuindo, assim, para um ciclo interminável de consumo e desperdício".
No âmbito desta exposição, integrada no programa "Projetos contemporâneos”, será lançada uma edição limitada de 250 exemplares numerados, assinados e cada um com uma intervenção de Sara Bichão na capa. Inês Grosso revela lançamento “mais para o final do mês, início do próximo”.

