Teatro histórico de Lisboa apresentou o programa para 24/25. Concertos de artistas como Mário Lúcio e o regresso do Prémio Miguel Rovisco – Novos Textos Teatrais também contemplados.
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Na nova temporada do histórico Teatro da Trindade Inatel, em Lisboa, há roteiro para o drama, suspense, sátira, crítica social, teatro documental – e música. Com direção artística de Diogo Infante, o espaço apresentou a temporada 24/25, com muitas novidades e alguns regressos.
A época começa com “Telhados de vidro”, peça baseada no original de David Hare, “Skylight”. Primeiro estreado em 1995 no National Theatre, o drama sobre poder, política e paixão tornou-se rapidamente numa das mais bem-sucedidas obras do dramaturgo, que já esteve nomeado aos óscares pelas suas adaptações para o cinema de “As horas” e “O leitor”.
Em cena de 12 de setembro a 17 de novembro de 2024, de quarta-feira a domingo, “Telhados de vidro” conta com encenação de Marco Medeiros e com Benedita Pereira, Diogo Infante e Tomás Taborda no elenco.
“Sombras”, de Miguel Falcão, com encenação de Ana Nave, segue-se e estreia a 19 de setembro na Sala Estúdio do Trindade, e por lá fica até 3 de novembro.
A peça baseia-se no texto vencedor do Prémio Rovisco e conta a história jovem mulher, com um filho recém-nascido, no seu regresso a casa da mãe. durante um período de ausência do marido. Aos poucos, ambas assumem-se em campos ideológicos e políticos opostos. As atrizes Carla Maciel e Mafalda Marafusta são mãe e filha na dramaturgia.
“Marilyn, por trás do espelho”, Prémio Cenym 2022 de Melhor Monólogo e Melhor Texto Original, é um espetáculo sobre a vida da emblemática e controversa atriz Marilyn Monroe, símbolo de beleza e um dos maiores ícones do século XX.
A artista, que sofria de depressão, abandono, solidão e dependência química, acabou por perder a vida com apenas 36 anos, vítima de uma overdose de barbitúricos.
Em cena de 14 de novembro a 22 de dezembro, na Sala Estúdio, o texto leva-nos a conhecer melhor a pessoa por detrás da estrela, como resultado de uma longa pesquisa de Anna Sant’Ana, que teve início em 2010, e que reuniu ao longo dos anos material sobre a vida de uma das maiores lendas do cinema.
Aqui é traçado um perfil de Marilyn Monroe além do glamour, com as complexidades e traumas de quem vivia por detrás do seu próprio mito.
O espetáculo relembra também momentos icónicos, como o “Happy Birthday” cantado para o Presidente John Kennedy, a famosa cena do vestido branco do filme “O pecado mora ao lado” e a música “Diamonds are a girl´s best friend”.
O argumento e interpretação são de Anna Sant’Ana, com dramaturgia de Daniel Dias da Silva e encenação de Ana Isabel Augusto.
“A médica”, “The doctor”, no original, é uma adaptação contemporânea e devidamente adaptada de Robert Icke, da peça de 1912, “Professor Bernard”, de Arthur Schnitzler.
Com encenação de Ricardo Neves-Neves, conta a história de Piedade Lobo, diretora fundadora e professora do Instituto ALMA, que recusa a entrada de um padre católico na sala de operações, onde uma rapariga está a morrer devido a um aborto mal feito e autoadministrado, por estar convencida que a presença do padre, não previamente autorizada pela família, provocará uma desnecessária ansiedade na jovem.
Depois da gravação da discussão entre a diretora e o padre se tornar viral na Internet, Piedade começa a ser alvo de fortes reações por parte de alguns colegas do hospital, por um crescente grupo de utilizadores das redes sociais e, por fim, por um painel televisivo constituído por ativistas de vários movimentos sociais.
Com Adriano Luz, Custódia Gallego, Eduarda Arriaga, Igor Regalla, Inês Castel-Branco, José Leite, Luciana Balby, Maria José Paschoal, Pedro Laginha, Rita Cabaço, Sandra Faleiro e Vera Cruz no elenco e cenografia de Fernando Ribeiro, “A médica” estará em cena de 12 de dezembro de 2024 a 16 de fevereiro de 2025, sempre de quarta a domingo.
Entre 6 de fevereiro e 16 de março do próximo ano, “Um país que é a noite” parte de um diálogo ficcional entre dois dos maiores poetas portugueses, Sophia de Mello Breyner Andresen e Jorge de Sena, horas antes deste último fugir para o Brasil.
Em 1959, Jorge de Sena, procurado pela PIDE, marca um encontro secreto com a sua amiga Sophia para se despedirem mas o encontro é interrompido por dois agentes. A pequena peça de Tatiana Salem Levy e Flávia Lins e Silva, situa-se entre o drama histórico e o teatro documental e desenha um Portugal anacrónico e polarizado entre os que amam a poesia e os que a desprezam; entre os que pensam e os que cumprem ordens; os que querem ser livres e os que temem o medo do desconhecido - a iminência de uma revolução democrática.
Com direção e colaboração no texto de Martim Pedroso e João Sá Nogueira, Maria João Falcão, Martim Pedroso e Rui Melo no elenco.
No programa segue-se, depois de quatro meses em cena, salas esgotadas, e mais de 40 mil espectadores, o regresso do musical “Sonho de uma noite de verão” ao palco do Trindade.
Temas portugueses, sobejamente conhecidos do grande público, são interpretados com novos arranjos e integrados na história, como se dela sempre tivessem feito parte. José Cid, Doce, Paulo de Carvalho, Heróis do Mar, Amália Rodrigues, Ornatos Violeta, Ala dos Namorados, Salvador Sobral, Marco Paulo e Expensive Soul, são apenas algumas das referências musicais homenageadas nesta “ode ao amor”.
De 5 de março a 4 de maio de 2025, baseado na obra de William Shakespeare, com tradução de Augusto Sobral, encenação de Diogo Infante e direção musical de Artur Guimarães.
Ana Cloe, Artur Guimarães, Carlos Malvarez, Catarina Alves, Cristóvão Campos, Flávio Gil, Gabriela Barros, Jorge Mourato, JP Costa, Mariana Lencastre, Miguel Raposo, Ricardo Lima, Raquel Tillo, Ricardo Raposo, Sara Campina e Tó Melo compõe o vasto elenco. A cenografia é de Fernando Ribeiro.
Por último, de 8 de maio a 29 de junho do próximo ano, entra em cena no espaço sito na baixa de Lisboa, “Eutanasiador”. Em palco, e ao longo de um interrogatório policial, vai-se descobrindo a personalidade de um serial killer a soldo, e as histórias das suas vítimas e clientes.
Personagem amoral e hedonista, insensível e sedutor, o assassino simultaneamente manipulado e manipulador, põe em causa, com ironia, as ideias feitas sobre o direito à escolha, a dignidade na morte, o que é o crime e o que é a culpa.
De Paula Guimarães, com encenação de Diogo Infante e Sérgio Praia no papel deste “one man show”.
Na nova temporada do Teatro da Trindade Inatel, espaço ainda para a música, com o Ciclo Mundos a trazer concertos do cabo verdiano Mário Lúcio com o brasileiro Chico César, a 24 de setembro deste ano; de Luzmila Carpio, produtora discográfica e atriz boliviana de origem quéchua, a 22 de outubro; e da saxofonista norte-americana Lakecia Benjamin, a 5 de novembro.
De volta está também o Prémio Miguel Rovisco – Novos Textos Teatrais, atribuído anualmente como incentivo à escrita de textos originais em língua portuguesa na área do Teatro. Com o valor pecuniário de 3.000.00€, o prémio inclui a edição do texto em livro, a produção e exibição do espetáculo no Teatro da Trindade INATEL e a sua gravação e emissão pela RTP.
O Regulamento à 7ª Edição do Prémio Miguel Rovisco está já disponível no site do Trindade – www.teatrotrindade.inatel.pt e o prazo de entrega dos textos decorrerá entre 1 de janeiro e 15 de janeiro de 2025.