Nome mais sonante do cartaz da 20.ª edição do Meo Sudoeste, Sia levou 48 mil pessoas à Herdade da Casa Branca, para um espetáculo de invulgar beleza visual.
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Cara coberta pela peruca gigantesca, como é seu apanágio, surgiu vestida de branco da cabeça aos pés e permaneceu, praticamente imóvel, a um canto do palco, deixando que fossem os bailarinos a expressar toda a paleta emocional que atravessa as suas canções.
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Nesta estreia a solo em território nacional (já tinha passado por cá com os Zero 7), Sia debruçou-se sobre as canções dos dois últimos trabalhos, "This is acting" (2016) e "1000 Forms of fear" (2014), arrancando com a libertadora "Alive". "Diamonds", sucesso escrito por Sia para Rihanna, apanhou os mais desatentos de surpresa, mas serviu de aquecimento para "Cheap thrills", um dos temas mais badalados por estes dias.
O público entoou-o em coro, com os olhos a divagar entre os corpos que se contorciam em palco e as imagens pré-gravadas que surgiam nos ecrãs. Uma realidade a duas dimensões, a mais crua em palco e a mais adornada - em modo teledisco - a ladear o palco. Aí surgiram os atores Paul Dano, em "Bird set free", e Kristen Wiig, em "One million bullets", emprestando corpo e emoção às palavras da cantora. As letras e a voz profunda de Sia chegariam para trazer à tona todos os sentimentos, mas as coreografias minuciosamente executadas amplificam o poder das palavras.
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"Elastic heart" foi reproduzida vivamente pela plateia e "Breath me" fica na memória como um dos momentos mais emocionais e o único regresso aos trabalhos mais antigos - "Colour of the small one" (2004). A enérgica "Move your body" foi sublinhada pela dança rodopiante dos bailarinos e "Titanium" (partilhada no original com David Guetta) confirmou-se como um hino levado em braços pelas multidões. E foi também aqui que Sia interagiu pela primeira vez com a plateia, para assumir que se tinha enganado na letra e que o público tinha razão.
"Chandelier" coroou uma hora de espetáculo, curto mas intenso, que deixou alguns a suspirar por mais. Antes de desaparecer em palco, ainda teve tempo para agradecer em português: "obrigado".
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