Protagonistas de uma das duplas mais bem-sucedidas e marcantes da história da música, os dois cantores desentenderam-se há mais de 10 anos. Agora, um reencontro emocionante terá resolvido tudo e aberto a esperança de uma reunião.
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Paul Simon e Art Garfunkel puseram, finalmente, término à contenda que os afastou durante mais de dez anos. Os dois músicos e cantores, que protagonizaram uma das duplas mais icónicas e importantes da música, reuniram-se recentemente num almoço, onde houve tempo e espaço para esclarecer os desentendimentos. Nada indica que algo de certo ocorra daí, mas os fãs já sonham com uma possível reunião.
Um novo encontro musical não será fácil, mas também não impossível. Paul Simon, com 83 anos, deixou supostamente de fazer digressões em 2018, mas continuou a editar: o inspirado “Seven psalms”, o seu mais recente disco, tem apenas um ano. Em entrevistas na altura do lançamento, o cantor fez mesmo questão de esclarecer que a anunciada paragem da estrada, feita anos antes, não tinha sido pensada necessariamente como um final de carreira; apenas isso, uma paragem. No entanto, acusou problemas de audição recentemente, tendo porém já afirmado ainda ter esperanças de voltar a atuar.
Já do lado de Art Garfunkel, também com 83 anos, o caso parecia mais complicado: um problema nas cordas vocais adiou sucessivamente as suas tentativas de regresso aos palcos em anos recentes. No entanto, há um novo disco, chamado “Father and Son”, com clássicos da música gravados pelo cantor com o filho Art Jr, que além de indicar melhorias motivou a entrevista em questão. Há também concertos marcados com o filho.
“Eu fui um tolo”
Certo é que, em pleno novembro de 2024, a dupla finalmente se reuniu e fez as pazes. A informação foi dada pelo próprio Art Garfunkel ao “The Times”, com o cantor a descrever ao jornal um almoço entre os dois, ocorrido “há algumas semanas”, onde finalmente superaram os seus problemas.
“Foi a primeira vez que estivemos juntos em muitos anos. Olhei para o Paul e disse: 'O que aconteceu? Por que razão não nos vimos?’”, disse o músico ao meio britânico, adiantando que, em resposta, Paul Simon lhe falou de uma entrevista antiga de Art, cujo conteúdo o teria magoado. “Chorei quando ele me disse o quanto o magoei”, disse ainda Garfunkel ao “The Times”. “Olhando para trás, acho que queria afastar a imagem do rapaz simpático, dos Simon & Garfunkel. Mas sabem uma coisa? Fui um tolo!”
Sobre uma possível reunião, Art foi mais vago e destacou que a prioridade era recuperar a amizade, adiantando porém que foram feitos planos para se encontrarem novamente. "Paul vai trazer a sua guitarra? Quem sabe. Para mim, era sobre querer fazer as pazes antes que fosse tarde demais. Parecia que estávamos de volta a um lugar maravilhoso. Enquanto penso nisso agora, as lágrimas descem pelo meu rosto” disse mesmo.
Já Art Jr, seu filho e co-cantor no novo disco “Father and son”, terá acrescentado ao jornal: “eles tiveram os seus altos e baixos ao longo dos anos mas, depois do encontro, o meu pai ficou muito feliz”. "Acho que há uma possibilidade de eles se reunirem musicalmente. Estou a falar hipoteticamente, mas talvez um grande evento de TV/caridade. E com um pouco de incentivo dos seus colegas na indústria musical, isso pudesse levar a algum material novo.”
Criado na década de 1960, o duo Simon & Garfunkel é, até hoje, uma das duplas mais bem-sucedidas da música em todo o Mundo. Entre discos e temas como “The sound of silence”, “Bridge over troubled water”, "Mrs. Robinson", “America” ou “The Boxer”, milhões de discos vendidos e vários prémios, os músicos foram ainda protagonistas de um histórico concerto, editado em disco e vinil: a um espetáculo beneficente, realizado a 19 de setembro de 1981 no Central Park de Nova Iorque, para angariar fundos para a manutenção do parque, terão acorrido, no total e extravasando a zona ajardinada, mais 500 mil pessoas.
O relacionamento entre os dois foi no entanto sempre difícil, sendo notório por diversas vezes um óbvio choque de personalidades. Desde o início da carreira do duo, quando Simon lançou sob pseudónimo um disco a solo, ao ponto alto da mesma, quando se chegaram a separar nos anos 70, por diversas vezes houve problemas, aumentados por episódios: fás e biógrafos especulam sobre ciúmes de carreias cinematográficas, tentativas de reunião falhadas, entrevistas e declarações que terminavam no crescendo do fosso entre os dois.
Em 2009, Simon & Garfunkel juntaram-se em palco para alguns concertos mas um espetáculo num festival de jazz em 2010, onde Garfunkel já teria problemas vocais, acabaria por ser o último.
Em 2015, Art terá dito numa entrevista – eventualmente a referida na reunião – que o colega tinha sido um “tolo” em deixar cair o duo. Agora, tudo parece resolvido. Segundo Art Jr ao “The Times”, se uma reunião, ainda que breve, acontecesse, permitiria a toda “uma nova geração descobrir a bonita música que eles fazem juntos”.