A comemorar 50 anos de carreira, popular artista brasileira regressa aos palcos portugueses para três concertos em novembro.
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A comemorar 50 anos de carreira, Simone tem um novo disco, "Da gente". Os temas do primeiro álbum que lançou na última década deverão estar em destaque nos concertos marcados para Portugal no próximo mês. Nos dias 10, 12 e 13 - respetivamente no Coliseu do Porto, Casino Estoril e Coliseu dos Recreios, em Lisboa -, a cantora, também conhecida como Cigarra, reencontra os fãs portugueses. Um regresso que diz esperar com ansiedade.
Que memórias guarda das passagens pelos palcos portugueses?
Já perdi a conta das vezes em que estive em Portugal, mas amei todas. O público é maravilhoso, respeitoso, amoroso. Amo.
Quais as razões dessa forte ligação a Portugal?
Gosto das pessoas, da cultura, da música, da arquitetura, da comida, dos vinhos. É uma terra que amo. Sinto-me em casa em Portugal.
Vai apresentar o seu novo disco, "Da gente". Como o apresentaria ao público português?
É um trabalho que aconteceu no final da pandemia. É um álbum solar, que fala de afetos. Como eu sempre digo: a vida sem os afetos não vale a pena. O que me salvou na pandemia foi o lado afetivo. O que veio de mim e o que veio para mim. Espero que este trabalho, "Da gente", cumpra uma rota sentimental que faz falta nos nossos dias, do coletivo, do grupo, da amizade, da confiança. As compositoras e compositores são maravilhosos. Somos sete mulheres, olha que espetáculo: eu, Zélia Duncan, Cátia de França, Socorro Lira, Karina Buhr, Isabela Morais, Rogéria Dera, Joana Terra... Acho que, realmente, temos de nos apoiar umas às outras.
A letra de "Nua", um dos temas do disco, é do poeta português Tiago Torres da Silva. Como foi trabalhar com ele?
O Tiago tinha um projeto com artistas brasileiros e pedi um poema para mim, quem sabe? Ele mandou o "Nua", eu vi a letra e saiu a música. Antes mesmo da pandemia essa música já estava pronta e cheguei a cantá-la nas "lives".
Está a assinalar 50 anos de carreira. Como lida com a passagem do tempo?
Sou assumida com a minha vida e idade. E o melhor a fazer é aceitar os 72 anos, o corpo que eu tenho. Sinto que acertei bem mais do que errei. Não perdi a adrenalina de fazer o que faço, o que é fundamental. Fico feliz com a vida que Deus me proporcionou, o que Ele me deu para fazer. Agradeço o tempo inteiro. Sou muito grata a todos.
O que a fez regressar aos estúdios de gravação, dez anos depois?
A vontade de fazer um disco com canções de autores nordestinos começou em 2015, mas depois segui com a "tournée" com o Ivan Lins, um trabalho muito lindo. Posso dizer que o álbum "Da gente" aconteceu na hora certa.
Durante a pandemia, esteve muito ativa. Só no Instagram fez 37 "lives". Foi uma forma de combater a solidão?
Não sei o que teria sido sem fazer as "lives". Foi um pouco difícil, porque não tinha muito jeito com telemóveis. Apenas os uso para falar. Mas a situação no Mundo estava tão difícil e tudo isso desperta solidariedade, medo e ansiedade. Senti vontade de me posicionar, dizer que estava junto. Conectar-me com o público e agradecer às pessoas que estavam a trabalhar muito para que pudéssemos ficar em casa. Entrava e arranjava-me como se estivesse mesmo a atuar numa casa de espetáculos. Durante a semana, trabalhamos duro, ficava mais de seis horas por dia com minha equipa por Facetime. Cantei mais de 500 músicas, muitas delas pela primeira vez. Mas era mesmo a vez de o artista ir para a casa das pessoas.
O nome do novo álbum é uma homenagem aos fãs?
O "Da gente" é um trabalho amoroso, coletivo, inclusivo, e é também para os meus fãs. É para todos. Naturalmente, pensando sempre num Mundo melhor.
Se tivesse de escolher um artista português com quem atuar, qual seria?
São tantos... (risos)
Ainda continua a distribuir rosas brancas pelo público?
Continuo, sim, e com muito prazer.