Siza Vieira considera prémio para Souto Moura "justíssimo"

Colega e amigo há várias décadas de Souto Moura, o arquitecto Álvaro Siza Vieira era um homem visivelmente feliz, prontificando-se de imediato a falar sobre a atribuição do Prémio Pritzker de Arquitectura 2011 a Souto Moura, considerando-a "justíssima".

Siza Vieira, que também já foi distinguido em 1992 com o mesmo galardão, entende que este prémio poderá traduzir-se, "em mais um reconhecimento da qualidade da arquitectura portuguesa".

Ficou surpreendido com esta distinção ao arquitecto Souto Moura?

Não, até confesso que já a esperava há uns anos. Mesmo sabendo que a Fundação Hyatt é muito cuidadosa e só a atribuiu, normalmente, a pessoas já com uma certa idade, convenci-me que, desde que Souto Moura fez o Estádio Municipal de Braga, lhe poderia ser entregue este galardão. Não me enganei e, portanto, não me surpreendeu.

Entende então que pecou por tardia?

Não foi cedo, nem foi tarde, foi a hora. O importante é a distinção, mas não nos esqueçamos nunca que a carreira dele fala por si, pelo que se justifica em pleno.

É, portanto, antes de mais, um prémio justo?

Claro, mais do que justo, é justíssimo. A sua obra fala por si e eu, que conheço bem o seu trabalho, desde a primeira, ou das primeiras que concebeu, como a Casa das Artes, no Porto, sei bem que tem muita qualidade e é hoje já reconhecida e admirada, não só em Portugal, como no estrangeiro.

Como define Souto Moura?

Sou amigo dele e portanto é uma questão delicada, mas devo dizer que, desde o início da sua carreira, mostrou grande inteligência e uma visão particular da arquitectura que não se relaciona com exibicionismos, mas sim num processo sólido de trabalho que assenta numa grande força de vontade e dedicação.

A atribuição do galardão ao seu amigo e colega deixou-o, então, muito satisfeito?

Satisfeitíssimo, porque, além do valor inquestionável do trabalho, vem, uma vez mais, reafirmar a qualidade da arquitectura portuguesa. Há bons arquitectos no país e Souto Moura é um deles.