Estreia esta quinta-feira nos cinemas o importante filme do cineasta mexicano Alejandro Montevern que denúncia as redes de pedofilia internacionais. No elenco tem Jim Caviezel e Mira Sorvino.
Corpo do artigo
Uma das funções do cinema é a de não olhar para o lado face a situações no mundo que podem e devem ser denunciadas. As redes de rapto de crianças para os circuitos internacionais de pedofilia é das mais graves e violentas e é esse o alvo de um filme que, por esse motivo, não é bem como os outros.
A vantagem de “Som da liberdade” é que o seu realizador, o mexicano Alejandro Monteverne, não se ficou apenas pelo panfletismo humanista, sabendo construir uma narrativa forte e crua, que nos apanha como um murro no estômago e não nos larga enquanto não sabemos como termina.
Curiosamente, Monteverne, também argumentista, baseou-se num livro de não ficção que relatava histórias verídicas desse meio sórdido. O filme centra-se no trajeto de Tim Ballard, pai e antigo polícia que abandona o cargo para se dedicar à missão de resgatar dois irmãos e outro grupo de crianças reféns numa ilha da Colômbia e cujo destino era servir “clientes” de todo o mundo.
O filme começa, aliás, com algumas imagens das mais perturbadoras que se têm visto no cinema, captadas por câmaras de vigilância e testemunhando o rapto brutal de crianças, cujo destino podemos adivinhar...
Para interpretar o verdadeiro Tim Ballard, e por sugestão do próprio, Monteverne recorreu a Jim Caviezel, muito diferente do homem que representa mas capaz, pela sua atuação, de nos transmitir o que deve ter sido a sua luta interior para levar até ao fim o seu desígnio.
Além de Caviezel – o Cristo do filme de Mel Gibson –, e da atriz Mira Sorvino, o realizador escolheu um grupo de crianças, sobretudo os que corporizam os dois irmãos cujo desaparecimento e tratamento brutal seguimos, que são magníficos na representação de alguém que não percebe o que lhes está a acontecer, mas sabe que não foi certamente para isto que veio ao mundo.
Precedido já de um grande sucesso por onde tem passado, “Som da liberdade” é um filme que aborda, com talento e sensibilidade, mas também com frontalidade e sem concessões, um dos grandes flagelos da humanidade. Devendo ser visto por todos, não é aconselhável a pessoas mais sensíveis.