
Desde que existe, a Spotify distribuiu 60 mil milhões em royalties
Foto: AFP
A plataforma de streaming de música Spotify bateu um novo recorde de pagamentos de direitos autorais em 2024, totalizando mais de 10 mil milhões de dólares. O setor está em grande transformação.
É o mais elevado valor já pago num ano pela Spotify, garante a empresa sueca, e é agora, globalmente, a principal fonte de receita para o setor musical: 10 mil milhões de dólares (9,1 mil milhões de euros). Desde a sua criação, em 2006, na Suécia, já distribuiu quase 60 mil millhões de dólares em royalties para artistas, editoras e detentores de direitos de autor de canções.
O impacto da plataforma Spotify na indústria fonográfica tem sido significativo. Em 2014, o setor registava um dos seus momentos mais baixos, com receitas globais de apenas 13 mil milhões de dólares. Na época, a contribuição da Spotify era de mil milhões de dólares, com cerca de 15 milhões de assinantes pagos. Hoje, o cenário mudou completamente: a receita da indústria mais do que duplicou, ultrapassando 28 mil milhões de dólares em 2023, e os serviços de streaming contam com mais de 500 milhões de assinantes pagos em todo o Mundo.
O aumento na receita global do setor reflete o crescimento expressivo da plataforma, que multiplicou os seus pagamentos à indústria dez vezes, na última década. Esse avanço também proporcionou um aumento no número de artistas que geram receita a todos os níveis. Desde 2017, a quantidade de músicos a receber royalties anuais entre 1000 dólares e 10 milhões de dólares triplicou.
Mais artistas, mais desafios
Apesar do crescimento da faturação e da inclusão de novos artistas no mercado, o número de criadores de música também explodiu. Atualmente, cerca de 12 milhões de pessoas têm pelo menos uma faixa disponível no Spotify, uma realidade muito diferente da era dos CDs, quando apenas alguns milhares conseguiam colocar as suas músicas nas prateleiras das lojas.
A plataforma designa o fenómeno como “paradoxo da indústria moderna”: mais artistas conseguem ganhar dinheiro com streaming, mas a concorrência aumentou de forma significativa. A boa notícia é que, em 2024, até mesmo o artista classificado como o 100.000.º na plataforma gerou cerca de 6 mil dólares em royalties, um crescimento de mais de dez vezes em relação a 2014.
Explosão do mercado independente
Outro destaque do relatório foi o crescimento da receita dos artistas independentes e das editoras mais pequenas. Em 2024, esses músicos faturaram, coletivamente, mais de cinco mil milhões de royalties no Spotify, representando cerca de metade do total pago pela plataforma. O número confirma a tendência de que o streaming proporciona mais oportunidades para artistas construírem carreiras sustentáveis, sem dependerem das grandes editoras.
A diversificação também se reflete na popularização da música em diferentes idiomas. Em 2017, apenas canções em inglês e espanhol ultrapassavam a marca de 100 milhões de dólares em royalties. Em 2024, esse número subiu para oito idiomas diferentes.
Em 2024, quase 1.500 artistas ultrapassaram a marca de 1 milhão em royalties, apenas com o Spotify – e, considerando outras fontes de receita, esse valor pode ter superado quatro milhões de dólares. O mais surpreendente é que 80% desses artistas não chegaram ao Top 50 Global da plataforma e a maioria iniciou a carreira depois de 2010. Isso reforça que o sucesso no streaming não depende apenas de músicas virais, mas de um público fiel que regressa para as ouvir.
O alcance global do Spotify também tem sido um fator determinante para o sucesso dos artistas. Em 2024, mais da metade dos músicos que faturaram pelo menos 1.000 milhão de dólares na plataforma e receberam a maior parte dos seus royalties de ouvintes fora dos seus países de origem. Além disso, mais de 80% dos artistas que ganharam acima de 100.000 dólares colaboraram com músicos estrangeiros.
Streaming e sustentabilidade
Por fim, o relatório destaca que, em 2024, um artista que recebeu um a cada milhão de streams no Spotify faturou, em média, mais de 10.000 dólares – um valor dez vezes maior do que o registado há uma década. Embora persistam discussões sobre as taxas de pagamento por stream, a empresa ressalta que o seu modelo de distribuição é baseado na participação total de streams e não numa taxa fixa por reprodução.
Os dados, divulgados pela Spotify, reafirmam o impacto do streaming na indústria da música e o potencial do modelo para tornar a carreira musical financeiramente viável para um número cada vez maior de artistas.

