Coletivo inglês regressa a Portugal quando celebra o 30.º aniversário. Depois de Lisboa, duas datas na Invicta.
Corpo do artigo
Malas de viagem pelo ar, correrias, gritaria e muita gente. Este poderia ser o cenário de qualquer aeroporto mas estamos na entrada do Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa, espaço que os STOMP esgotaram desde o início do mês e que chega agora ao Porto, hoje e sábado no Coliseu Porto Ageas. No palco, o corpo humano é levado ao limite e não faltam os sons e o humor feitos com botas, baldes, tampas de caixotes do lixo, isqueiros, vassouras ou bidões de água.
Um regresso após dois anos de pausa devido à pandemia, o que levou o grupo criado em 1991 em Brighton, Inglaterra, por Luke Cresswell e Steve McNicholas, a adiar os espetáculos previstos para 2021, na altura em que começaram a celebrar os 30 anos.
A formação regressa com novos números e "quilos e quilos de material na bagagem", garantem ao JN. "É bizarro, porque quando a pandemia aconteceu estávamos em tournée por Portugal", diz Luke Cresswell. "Tiraram-nos dois anos das nossas vidas mas é fantástico regressar, embora o mundo continue um bocado louco."
O grupo conseguiu sobreviver à pandemia. "Tivemos muitas dificuldades, muitos de nós fizeram outros projetos, filmes, guiões. Mas foi difícil, porque trabalhamos para uma audiência, é o nosso amor. Somos muito sortudos por voltar."
Quanto ao espetáculo, "tem muita energia e humor mas, sobretudo, os STOMP vão usar o ritmo como linguagem. Vamos ter a alegria de experimentar novos sons, com novos corpos, com muito humor".
Um círculo que se fecha
No Tivoli, Patrick e Simone largam por instantes as malas empilhadas num ritmo louco e que produzem um som que fica no ouvido. "É um espetáculo inovador. Não há vozes, tudo é feito com ritmos, é uma hora e 40 minutos de alta energia e impacto", refere Patrick, enquanto bate com as mãos a exemplificar os sons. "O público pode ver o que fazemos com uma série de objetos. Para mim, tem sido uma jornada muito divertida. Faço isto desde 2002, já lá vão 20 anos e cresci imenso, como músico, performer, pessoa. Estou a adorar." Este regresso, diz o artista, "é louco porque estávamos aqui há dois anos quando nos disseram que íamos para casa. Parece que se completa um círculo".
Simone chega a Portugal com tempo chuvoso. "Isto é tão londrino. Adoro a chuva!", refere a artista dos STOMP. "Estamos a ensaiar arduamente por causa da pausa do covid. É um grande regresso, o espetáculo está muito forte", assegura.
"Juntei-me aos STOMP em 2000, era uma adolescente. Agora sou uma senhora respeitada, cresci imenso no espetáculo. Sinto que me ensinou muito sobre as pessoas. Já somos uma família, apesar de sermos todos muito diferentes."
"Acho que faço melhor música hoje em dia. Antigamente só tocava piano, mas acho que agora já realizo muitas coisas num espetáculo que tem sombras e luz. Há muita energia, ritmos, objetos interessantes que o público não espera que tenham um som. Vamos fazer música com eles e queremos que a audiência participe com palmas e barulho e tente repetir o que nós fazemos em palco. É um espetáculo mesmo interativo", conclui Simone.