Final foi assombrada por incidentes e pelo escalar da polémica pela participação israelita. “A paz irá prevalecer”, gritou Iolanda.
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A Suíça, com “The Code”, venceu a 68.ª edição da Eurovisão, com a portuguesa Iolanda e “Grito” a terminarem num brilhante 10º lugar. A final do Festival aconteceu sábado em Malmö, na Suécia, numa edição marcada pelo conflito em Gaza e pela controvérsia em torno da participação israelita, que escalou numa sucessão inédita de incidentes nas horas que antecederam o evento. Eden Golan, representante de Israel com “Hurricane”, acabou por ficar em 5º lugar.
Foi ao final da noite que os votos do público e júris nacionais foram somados e o resultado apurado: contrariamente ao antecipado pelas apostas que davam a vitória à Croácia, a canção do suíço Nemo conquistou a Eurovisão. Na cerimónia, houve ainda tempo para uma atuação da vencedora de 2023, Loreen, e dos avatares visuais dos Abba.
Além de muito elogiada, a prestação portuguesa recebeu 12 pontos do Reino Unido, da Croácia e de França, terminando em sétimo lugar nos votos do júri.
“O mais caótico de sempre”
Num ano assombrado pela ofensiva em Gaza e pelos apelos de retirada de Israel do concurso, em Malmö autoridades e organização estiveram em alerta elevado e redobraram esforços para que o espetáculo continuasse.
Apesar dos esforços, não conseguiram impedir que este Festival fosse o mais tenso e “caótico de sempre”, como escreviam vários bloguistas da Eurovisão, ainda antes da final. Na verdade, mesmo antes da cerimónia começar, já se acumulavam incidentes: desde manifestações, a apupos nos ensaios da canção israelita, passando pela desqualificação do holandês Joost Klein, por alegada “intimidação” a um membro da produção.
A decisão de retirar Klein da corrida foi conhecida na manhã de sábado e depois disso a tensão escalou: enquanto na Finlândia manifestantes invadiram a sede da emissora YLE, exigindo a retirada do concurso, em Malmö milhares de pessoas voltaram a protestar para exigir o boicote a Israel e o cessar-fogo, levando a detenções, como a de Greta Thunberg.
Bambie Thug, representante da Irlanda, não participou no ensaio final devido a "uma situação" nos bastidores e Grécia e Suíça não ensaiaram o desfile de bandeiras. O cantor francês Slimane interrompeu o seu ensaio para apelar à paz; e a porta-voz do júri da Noruega, Alessandra Mele, retirou-se à última hora, invocando o “genocídio”.
Segundo alguma imprensa, o Reino Unido, a Itália, Suíça e até Portugal terão mesmo considerado desistir da competição na sexta-feira à noite. De acordo com a RTP, a delegação portuguesa foi aliás uma das responsáveis por uma reunião de emergência da organização que aconteceu antes do evento; o grupo de Portugal terá pedido, juntamente com outros, o encontro depois de ter assistido a assédio e perseguição por parte de elementos da delegação de Israel nos bastidores, a outras.
Nas atuações, a prestação da israelita Eden Golan decorreu entre apupos e aplausos. Muito apupado foi também Martin Österdahl, supervisor da Eurovisão normalmente acarinhado pelo público; bem como a representante do júri israelita, ao anunciar os resultados. Iolanda atuou com padrões alusivos à Palestina nas unhas motivando, na internet, relatos e teorias de que os seus vídeos nos canais da Eurovisão poderão ter sido temporariamente desconsiderados. “A paz irá prevalecer”, gritou Iolanda no final da sua atuação.