A vida de atrizes portuguesas retratada numa nova criação de teatro, um projeto internacional de reinterpretação feminista de textos clássicos e uma leitura encenada do monólogo de Sara Barros Leitão.
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Esta tríade, que tem em comum a visão feminista da criação teatral, protagoniza a programação do 2.º trimestre da Braga 25 – Capital Portuguesa da Cultura, que conta ainda com comemoração da liberdade, do património e da dança.
Segundo o programa hoje divulgado, o destaque ao teatro no feminino acontece em maio. A 2 de maio, no contexto do 110.º aniversário do Theatro Circo – que este ano se celebra em conjunto com os 12 anos do Gnration –, Raquel S. e a companhia Noitarder apresentam “Hei-de reparar”, uma peça que homenageia a vida de atrizes portuguesas ao longo da história. Este espetáculo é fruto do programa de apoio à criação “Supracasa”, parte da Braga 25 – Capital Portuguesa da Cultura.
Na semana seguinte, entre 6 e 9 de maio, Braga é palco da estreia do projeto internacional “Sexual theatre – feminist readings of classics” (“Teatro sexual – leitura feminista de clássicos”, numa tradução literal). No ano passado, “duplas internacionais de encenadores e dramaturgas colaboraram com elencos locais na criação de quatro espetáculos inéditos, a partir de textos originais, que agora viajam em festival itinerante pelos países parceiros”, Portugal, França, Bósnia e Herzegovina e Montenegro.
Na releitura de uma obra portuguesa estão as “Novas Cartas Portuguesas”, de Maria Isabel Barreto, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta, propondo-se a peça “Sai e Luta?”, da dramaturga Stela Mišković, a ser uma “reinterpretação contemporânea do legado das três Marias”.
Resgate inédito
Também no dia 9, pelas 19 horas, Sara Barros Leitão resgata, de forma inédita, a sua peça “Monólogo de uma mulher chamada Maria com a sua patroa”. Estreado em 2021 e tendo já percorrido mais de 40 cidades, “será apresentado pela primeira vez em formato de leitura encenada pela própria autora”, lê-se na programação hoje apresentada.
Tal como já definido desde o lançamento, a Braga 25 – Capital Portuguesa da Cultura reforça, num novo semestre, o trabalho cooperativo e de comunidade. Em junho, a coreógrafa norte-americana Alisson Orr dirige uma performance participativa, que terá lugar no Estaleiro da Empresa Municipal Agere, em que os protagonistas são os trabalhadores da recolha de lixo. O espetáculo marca o início da Celebração do Desejar, um novo festival que procura questionar as preconceções de quem consome e produz arte.
Em maio, e ainda no âmbito de comunidade, nasce ainda um outro certame, o “Festival de Arquitetura e Arte Forma da Vizinhança”. Neste contexto, oito arquitetos “foram desafiados a desenhar instalações arquitetónicas temporárias para outros tantos espaços periféricos da cidade”, sempre em permanente diálogo com as comunidades que os habitam.
Liberdade e património
Um dia depois de a revolução dos cravos celebrar 51 anos de liberdade, a 26 de abril, Braga estreia “Somos Todos Capitães – 50 anos em Liberdade”, numa perpetuação das comemorações dos 50 anos do 25 de abril, desta feita sob o prisma da arte contemporânea. A exposição decorre no Regimento de Cavalaria n.º 6, no Museu Nogueira da Silva e no Forum Braga, apresentando um misto entre obras históricas e novas criações.
Já na celebração da tradição e do património, destaca-se a estreia do programa “Novos Ecos de Uma Paisagem Sonora”, que trará ao carrilhão da Sé um espetáculo inédito. A 10 de maio, a propósito do projeto Pipe Poetics, o músico Robert Aiki Aubrey Lowe, reconhecido pelo trabalho com voz e sintetizador modular, apresenta o resultado de uma residência artística no órgão de tubos da Igreja de São Lázaro.
Também notório é o reforço da dança na programação cultural bracarense. É neste 2º trimestre que a cidade recebe a já anunciada colaboração artística entre Francisco Camacho e Meg Stuart. “Pela primeira vez em três décadas, reúnem-se em palco para um dueto, inspirado nas misteriosas ruínas Nurágicas da Sardenha”, atesta o programa. Mais tarde, Marco da Silva Ferreira traz ao Theatro Circo o espetáculo que consolidou o seu lugar como criador incontornável da dança contemporânea, Carcaça.