Com um modelo renovado e um conjunto de 12 formadores onde pontuam nomes como Carolina Amaral e Inês Lago, as Oficinas do Teatro Oficina pretendem atrair "amadores sem experiência", mas também alunos de cursos superiores de artes performativas.
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Na sua edição 2025/26, as Oficinas do Teatro Oficina (OTO), em Guimarães, surgem num formato reinventado. O diretor de turno, Bruno dos Reis, quer chegar a mais pessoas, piscar o olho aos estudantes universitários e retomar o cariz capacitador desta formação. Alguns dos frequentadores habituais das aulas não estão satisfeitos com a possibilidade de perderem a vaga, mas o Teatro Oficina quer "respeitar o princípio da oportunidade" e dar lugar a outros. A formação vai exigir mais disponibilidade, mas também vai oferecer mais. De apenas um, passa para 12 formadores. As inscrições estão abertas até sábado.
O Teatro Oficina, nos últimos anos, tem tido uma direção artística rotativa. Já passaram pelo lugar Sara Barros Leitão e Mickael de Oliveira. Desde o início deste ano, o lugar é ocupado pelo dramaturgo e encenador Bruno dos Reis, que está a pôr em marcha uma revolução nas OTO. A ideia é abrir a participação a mais pessoas e atrair alunos dos cursos superiores de teatro, desde logo da Universidade do Minho, mas também do Porto.
Na análise de Bruno dos Reis, "as Oficinas transformaram-se numa espécie de ocupação de tempos livres para um grupo limitado de pessoas, sempre as mesmas". Esta avaliação foi partilhada na apresentação do novo modelo, esta segunda-feira, no pequeno auditório do Centro Cultural Vila Flor e gerou polémica entre as pessoas habituadas a participar, ano após ano, nas OTO. "Um modelo de admissão por ordem de inscrição não é democrático, vai ter de haver uma seleção", apontou o responsável.
Motivação vai valer mais do que ordem de inscrição
As OTO terão 15 vagas (as inscrições estão abertas até dia 4 de outubro), mais cinco para formandos que pretendam fazer módulos específicos. Na seleção, Bruno dos Reis admite que vai atender mais à carta de motivação e ao percurso dos candidatos do que à ordem das inscrições, que apelida de "pouco democrática". O diretor do Teatro Oficina quer recuperar o carácter capacitador desta formação e admite que há potencial, desaproveitado, para a criação de um grupo de teatro amador com as pessoas que foram fazendo formação sistemática nas OTO. "Estamos disponíveis para os acolher", assinalou.
Formação intensiva para os mais novos em tempo de férias
As oficinas passam a estar abertas apenas a maiores de 17 anos. "Para trabalhar com crianças e adolescentes, em 2025, temos de ter uma presença constante dos técnicos de mediação e educação cultural, que neste momento não conseguimos", esclareceu Bruno dos Reis. Apesar de o Teatro Oficina ter assegurado uma parceria com a escola Asas do Palco, a medida também gerou descontentamento entre os pais, cujos filhos vinham a frequentar as OTO. O diretor do Teatro Oficina ouviu as críticas, mas insistiu na ideia de que trabalhar com estes formandos mais novos sem o apoio de formadores especializados "é antipedagógico".
"Garantimos que os jovens do Teatro Oficina têm um desconto na escola protocolada e vamos acompanhá-los. Os nossos formadores vão fazer uma visita por trimestre e darão uma aula extra a esses alunos", referiu Bruno dos Reis. Ainda direcionado aos mais jovens, surgem as oficinas intensivas (uma semana), nos períodos de férias letivas, dadas pelos mesmos formadores que este ano vão lecionar os módulos das OTO.
Um curso por módulos para amadores, estudantes e profissionais
De um formador, as OTO passam para 12: Ricardo Pinho, Inês Lago, Carolina Amaral, Emílio Gomes, Jorge Palinhos, Janaina Leite, Bruno Martins, Teresa Queirós, Margarida Gonçalves, Gisela Maria Matos, Nuno Reis e Pedro Nunes. A frequência também vai aumentar, exigindo mais disponibilidade por parte dos formandos. Passará para três ou quatro sessões semanais, enquanto até aqui era apenas uma.
"Se jogo um jogo apenas uma vez por semana, nunca mais aprendo a jogar", realça Bruno dos Reis. De outubro a dezembro, vão funcionar as OpTO (Oficinas Preparatórias do Teatro Oficina), destinadas "àqueles que estejam em fase inicial do seu percurso". Entre janeiro e março, vão acontecer a OcTO (Oficinas Complementares do Teatro Oficina), para os que terminaram as OpTO, alunos de cursos superiores de teatro e jovens atores profissionais. Já as OrTO (Oficinas Recursivas do Teatro Oficina) são orientadas para os alunos dos dois módulos anteriores que queiram continuar a trabalhar para apresentar um trabalho final.