Novo concurso público foi lançado esta sexta-feira, mas o diretor escolhido só será revelado até outubro. Associação independente Plateia marca para o dia 24 de março um fórum público para debater o estado atual da instituição do Porto e pergunta: "Para que serve uma direção artística? E uma administração?".
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O Teatro Nacional S. João, no Porto, já divulgou o regulamento do segundo concurso internacional para preencher o lugar da direção artística, que está vago desde o início do ano - Nuno Cardoso terminou o seu mandato em dezembro de 2024.
Antes disso, já tinha sido lançado um concurso público, mas que fracassou: o escolhido pelo júri do S. João foi Tiago Guedes, mas o realizador de cinema e encenador desistiu posteriormente da candidatura, invocando "compromissos profissionais em 2025, que se revelaram inadiáveis e incompatíveis com o exercício das funções para que seria designado”, revelou, na altura, a instituição portuense em comunicado.
O júri do concurso foi presidido por Pedro Sobrado, que regressou recentemente ao conselho de administração do Teatro S. João. Não foi designado outro candidato e o lugar de diretor artístico ficou vago. Numa decisão inédita de gestão, a direção artística foi assumida - e continua a sê-lo - por uma equipa interna da instituição liderada por Pedro Sobrado.
Mandato pode chegar a 12 anos
O novo concurso para diretor artístico lançado esta sexta-feira aceitará candidaturas entre 1 de abril e 31 de maio, prevendo selecionar, no máximo, cinco candidatos para posterior entrevista, informa o Teatro S. João.
A deliberação final será tomada até ao dia 1 de outubro, diz a instituição, quase um ano depois da saída do anterior diretor Nuno Cardoso.
De acordo com as alterações aos estatutos dos teatros nacionais, promovidas em 2023 pelo Ministério da Cultura, o mandato do novo diretor terá a duração de quatro anos, com a possibilidade de duas renovações, por iguais períodos - ou seja, o futuro diretor do Teatro S. João, quando for escolhido, poderá ficar em funções durante 12 anos.
O júri deste segundo concurso público é novamente presidido pelo administrador Pedro Sobrado e inclui ainda Cláudia Leite (vogal do conselho de administração do Teatro S. João), Alexandra Moreira da Silva (professora e investigadora teatral), Rui Lage (escritor) e Salvador Santos (produtor teatral e gestor cultural).
O regulamento do concurso tem 38 páginas e está disponível aqui.
Plateia pergunta: "Para que serve a direção?"
Neste contexto de prolongada ausência de diretor artístico no Teatro S. João, a Plateia, associação de artes cénicas que agrega mais de 100 companhias/estruturas e cerca de 300 profissionais independentes de todo o país, marcou, através das suas redes sociais, um fórum público que terá lugar na próxima segunda-feira, 24 de março, para o qual que "convoca toda a gente a partilhar a sua visão sobre o Teatro S. João".
O debate público decorrerá às 18.30 horas e sob o formato de "sessão híbrida (presencial e online)", com "ponto de encontro em frente ao Teatro S. João, na Praça da Batalha, no Porto", anunciou a Plateia.
A associação independente propõe um guião com uma série de perguntas: "Para que serve um teatro nacional? O que queremos de um teatro nacional? Para que serve uma direção artística? E uma administração? Que responsabilidades têm? Como se relaciona com a comunidade teatral? E com todas as pessoas que lá trabalham? Como se deve abrir aos públicos?".