Três exposições, um livro, leitura de poesia, experiências gastronómicas no museu e um concerto de The Legendary Tigerman, são motivos para visitar Guimarães, este sábado.
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A exposição coletiva “Terra Estreita” pode ser vista, no Centro Internacional de Artes José de Guimarães (CIAJG), a partir deste sábado, às 17 horas. Inspirada na obra do poeta árabe Mahmoud Darwish, uma voz poderosa na oposição a Israel, a mostra marca o início de um novo ciclo expositivo que inclui ainda a exibição de um conjunto de 98 peças recentemente doadas por José de Guimarães ao Município e a exposição“Superfícies Não Orientáveis”, concebida pelos artistas Diogo Martins, Igor Gonçalves, João Melo e Mariana Maia Rocha, que se distribui pelos palácios Vila Flor e de Santiago. Há noite, o alter ego musical de Paulo Furtado apresenta-se no Centro Cultural Vila Flor.
Um jarro partido ou um pedaço de uma banheira recuperados dos escombros de uma aldeia deixada para trás pelas populações em fuga (nakba), durante a guerra civil israelo-arábe, em 1948, carregam uma carga emotiva que remete para o campo poético, contudo, apresentados na vitrine de um museu de arte contemporânea, na Europa, são também um gesto contestatário e uma afirmação política.
É desta dualidade, entre a importância dos objetos expostos pela sua dimensão artística e a vontade (necessidade) de fazer ativismo em favor da causa palestiniana que se alimenta “Terra Estreita”, uma reunião de obras de Benji Boyadjian, Bisan Abu Eisheh, Emily Jacir, Jean Luc Moulène, Larissa Sansour, Taysir Batniji, Ryuichi Hirokawa e Yazan Khalili.
Marta Mestre, diretora artística do CIAJG, afasta a ideia de que a exposição tenha alguma relação com o tempo político e garante que o trabalho “com este coletivo que conheço há muitos anos” começou em junho do ano passado. O massacre de 7 de outubro que deu origem à guerra entre Israel e o Hamas, acabou por lhe dar uma pertinência acrescida.
OS SABORES QUE APROXIMAM
A exposição, com curadoria do coletivo (un)common ground e obras cedidas pela coleção Teixeira de Freitas, pretende ser também uma forma “não convencional” de celebrar os 50 anos do 25 de Abril, aponta a diretora artística do CIAJG.
Na abertura da mostra, vão ser lidos poemas de Mahmoud Darwish e será feita a apresentação de uma edição revista do livro de Alexandra Lucas Coelho, “Oriente Próximo” - depois de a autora ter regressado de um mês, em reportagem na Cisjordânia, em outubro do ano passado.
O programa encerra com uma experiência gastronómica em que Dima Mohamed, Hindi Mesleh (Zaytouna, Lisboa), Ane Delazzeri e André Pinto (Cantina CAAA, Guimarães) vão fugir ao óbvio, que seria a apresentação de uma culinária exótica, para revelarem aquilo que nos aproxima à mesa, desde logo, o azeite.
O dia inaugural começa, no CIAJG, pelas 11horas com a sessão solene da doação de peças do artista e colecionador José de Guimarães ao Município e prossegue, às 15horas, no Palácio Vila Flor com o arranque da exposição “Superfícies Não Orientáveis”. Às 17 horas, novamente no CIAJG, é o momento para a abertura de “Terra Estreita” que se prolonga até ao pôr do sol.
Depois disto, quem quiser continuar pela noite dentro, pode fazer uma passagem pelo Centro Cultural Vila Flor, para captar o “Zeitgeist”, último trabalho de The Legendary Tigerman, editado em setembro, que se apresenta no palco do grande auditório, a partir das 21.30 horas.