Joana Couto e Leo Calvino abriram esta sexta-feira à tarde, o segmento Corpo+Cidade, do Festival Dias da Dança, programado pelo Balleteatro e pensado para o espaço público.
Corpo do artigo
“Budô”, apresentado na Praça Guilherme Pinto, em Matosinhos, mergulha na ancestralidade do termo japonês para reescrevê-lo com o corpo em movimento.
Tradicionalmente entendido como “caminho marcial”, budô associa-se à arte da guerra, às disciplinas do combate, à prática rigorosa do corpo como arma e escudo. Mas os criadores propuseram outro olhar, uma reinterpretação poética onde a guerra encontra a dança e o conflito se transforma em gesto.
Ao jogar com a polissemia da língua japonesa, revelam que bu não é apenas “marcial”, mas também pode ser lido como “dança”. A sobreposição dá origem a um novo espaço de criação: o budô como caminho da entrega física, seja em combate ou em coreografia.
Dô, o caminho, mantém-se como fio condutor de uma prática devocional e intensa, onde cada movimento carrega história, disciplina, intenção. A proposta artística de “Budô” não é nem uma performance de luta nem uma peça de dança convencional, é um território onde as dimensões se cruzam, confundem e amplificam.
Os corpos em cena exploram o limite entre o controle e a fluidez, entre a força e a escuta. Trata-se de reconhecer o conflito como movimento e a dança como resistência, fundindo dois mundos que à primeira vista parecem opostos, mas que, neste espetáculo, se revelam profundamente ligados.