
O programa, dos mais vistos do mundo, estreou em 2004 na NBC
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Testemunhos de concorrentes revelam más práticas de saúde em prol das audiências.
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A premissa era nobre: ajudar a "salvar" pessoas obesas. Devolver-lhes a alegria, a saúde e a vontade de viver, com uma dieta equilibrada e exercício físico controlado. O programa de televisão americano "The Biggest Loser", que estreou em 2004 na NBC, rapidamente se tornou um fenómeno mundial, com adaptações em vários países - lembra-se do "Peso pesado", em Portugal? - e sucessivas temporadas (18 no total).
Os ingredientes de sucesso estavam reunidos: as transformações físicas deixavam qualquer telespectador boquiaberto e as provas físicas eram verdadeiros momentos de superação. Danny Cahill, por exemplo, perdeu 108 quilos. Mas há um lado sombrio, que escapou ao público, agora revelado na série documental "The Biggest Loser: O Peso da Verdade", produzida pela Boardwalk Pictures.
Ao longo de três episódios, que chegaram à Netflix a 15 de agosto, antigos concorrentes, produtores e o famoso treinador Bob Harper contam as suas versões do que realmente aconteceu nos bastidores do reality-show. Uma das participantes, Suzanne Mendonca, da segunda temporada, contou, por exemplo, que, antes do arranque das gravações, numa altura em que já estava decidida a cuidar da sua saúde, os diretores de casting lhe pediram para "ganhar mais uns quilos". "O programa não ensinava como ser saudável, o objetivo era atrair milhões de espetadores", lamentou. "É isto que a América considera saudável e seguro?, questionou.
As denúncias multiplicaram-se, com os antigos participantes a revelarem que, por indicação dos treinadores, comiam apenas 800 calorias por dia, treinavam cinco a oito horas diárias e tomavam comprimidos de cafeína. Tudo isto contrariando o aconselhamento médico. Além disso, acusaram os produtores de pressionarem os professores a fazê-los treinar até vomitar porque "aumentava as audiências". Vitória clara da ambição sobre a saúde.

