Banda rock de Robert Smith regressa com “Song of a lost world”, disco excelente que comprova que o génio nunca morre.
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A curva vinha descendente. Os rapazes já não caminham para novos e há 16 anos que não editavam um disco original. Para sermos simpáticos, as expectativas não eram altas. Mas eis que – oh surpresa! –, com o jogo prestes a terminar, os The Cure ainda tinham um trunfo na manga para jogar. “Song of a lost world” ombreia com os melhores álbuns da banda e envergonha muita da música que hoje é tida como de qualidade.
Em palco, os The Cure não davam sinais de cansaço e não raras vezes os concertos excediam as três horas. Mas, olhando para os últimos 20 anos, criativamente a fonte parecia ter secado.
Parecia, mas não tinha. “Songs of a lost world”, editado a 1 de novembro, é The Cure no seu melhor. Estão lá as atmosferas soturnas e a angústia depressiva, as guitarras psicadélicas e os sintetizadores distorcidos e chilreais, a tenacidade contagiante da voz de Robert Smith.
Os oito temas ouvem-se de um fôlego e os 49 minutos parecem curtos. É um disco que faz lembrar a força assombrosa de “Disintegration” e que nos arrasta para uma melancólica, mas prazenteira, solidão introspetiva.
Um disco que nos faz lembrar que as desilusões, angústias e excitações de adolescente continuam bem vivas dentro de nós. E que os The Cure continuam a fazer boa música que nos faz despertar essas sensações que julgávamos há muito perdidas.
A tónica geral deste 14.º disco parece ser de despedida. Os primeiros versos são “This is the end of every song that we sing, the fire burned out to ash, and the stars grown dim with tears”.
E o álbum termina com um tema chamado “Endsong” que tem como último verso: “Left alone with nothing at the end of every song, left alone with nothing, nothing, nothing”.
Robert Smith até pode achar que fica sem nada. Já nós ficamos com mais um disco excelente para ouvir e apreciar.