Aristocracia britânica, criminosos surreais e muito humor satírico dão corpo à nova série realizada pelo cineasta inglês Guy Ritchie.
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Geralmente associámos certo tipo de ambientes e protagonistas, e um determinado estilo narrativo, a géneros específicos. Sendo mais claro, quando pensamos numa série sobre produtores e traficantes de droga, formamos uma determinada imagem mental - que podemos esquecer quando a série é "The Gentlemen: Senhores do crime".
Criada e desenvolvida por Guy Ritchie - certamente uma das razões para as diferenças que apresenta -, para além da violência oferece bastante mais: o cineasta britânico aproveita para satirizar o sistema de classes, com destaque para a aristocracia, datada e obsoleta.
Comecemos pelo princípio. Eddy Horniman (convincente interpretação de Theo James) militar de carreira em lugar de destaque, é chamado a casa de urgência devido à morte do pai, o duque de Halstead.
Como segundo filho, não deveria herdar nada, mas a vida de estroina do irmão mais velho, Fredddy (Daniel Ings), levou o pai a torná-lo o principal herdeiro. Juntamente com a propriedade, vem uma considerável renda... de origem ilegal, pois parte dos terrenos foi cedida para cultivo de cannabis a um dos grandes criminosos ingleses, Bobby Glass (Ray Winstone).
Da prisão, onde vive como um lorde - a frase feita ganha aqui redobrado sentido -, controla todo o negócio através da filha, Susie, controla todo o negócio através da filha, Susie (Kaya Scodelario).
O novo herdeiro, retrato perfeito do aristocrata britânico, altivo e fleumático, decide terminar com o acordo, mas uma série de imprevistos, a boa relação que começa a desenvolver com Susie, a necessidade de ter de lidar com personagens à margem da lei tão surreais quanto carismáticas, a par do gosto que começa a ganhar pela violência que o negócio exige, faz com que a adie a decisão sucessivamente.
Com um ritmo vivo, constantes surpresas, muita adrenalina, a completa alienação de alguns estereótipos, o choque da dicção e da postura tipicamente britânica de muitos dos intervenientes , e um humor negro assertivo, irresistível para espectadores de mente aberta, "Gentlemen" vicia, confere boa disposição e consegue apresentar um final inesperado que, em crescendo, funciona como cereja no topo do bolo.