The Hives: quarentões que são perpétuos adolescentes

Em pouco mais de meia hora, uma dúzia de temas mostram-nos que o quinteto sueco The Hives ainda está em grande forma musical e bastante bem-humorado. Uma explosão de energia, a mostrar que a idade é um estado de espírito. Os The Hives até podem estar já bem dentro dos quarenta, mas isso não se nota, bem pelo contrário. Ainda envergonham muita juventude que por aí anda.

“Lex Hives” foi lançado em 2012. Após uma década de silêncio, muitos temiam a morte criativa de uma das mais bem sucedidas exportações suecas deste século. No início do ano, fotos com mensagens enigmáticas davam a entender que algo estava para chegar. Chegou em agosto: “The death of Randy Fitzsimmons”. Chegou bem e recomenda-se.

Numa era em que tudo parece de vida ou de morte, que bem que sabe ouvir bom e alegre rock. Músicas que nos fazem saltar e pular, empurrar e dançar. Letras irónicas e divertidas, que qualquer um consegue cantar a plenos pulmões no meio da multidão. A receita é simples e bem conhecida, mas poucos conseguem fazê-lo tão bem como os The Hives. 

Os uivos de Pelle Almqvist, riffs distorcidos e frenéticos, ritmos contagiantes ou talvez uns pozinhos de perlimpimpim são os ganchos mágicos do quinteto que consegue transformar o que podia ser um banal garage rock em músicas energéticas e explosivas com o poder de reavivar um moribundo.

Do bombo cheio de pressa de “Trapdoor solution” e “The bomb” aos ritmos mais “groovy” de “Rigor mortis” ou “Two kinds of trouble”, passando pelos metais trágicos de “Stick up” ou a muito Clash “Smoke & mirrors”, há todo um catálogo de temas pronto a deixar plateias em êxtase.

Após 30 anos de carreira, os The Hives mostram que quando se é jovem de espírito, a idade não é um obstáculo.  “Who the fuck wants mature rock ’n’ roll?”, perguntou Pelle no lançamento do disco. “O rock ’n’ roll não pode crescer, é um perpétuo teenager”, explicou. E não é que tem toda a razão? Basta ouvir “The death...…”. Ouvir alto, bem alto, muito alto para o comprovar.