"The last of us" estreou-se há uma semana e já é a segunda série da HBO mais vista de sempre no dia de estreia. Adaptações de jogos à Sétima Arte não costumam ser aclamadas pela crítica.
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Há uma adolescente chamada Sarah, um pai Joel e um tio Tommy. Há também uma pandemia, uma fuga pela sobrevivência e mortes logo nos primeiros instantes. Não fosse adaptado de um videojogo e estaríamos a contar demasiado para quem ainda não viu o primeiro episódio da nova série da HBO Max "The last of us". Mas este enredo não será novidade para quem já se aventurou no jogo homónimo.
O início da série tem tudo de semelhante ao jogo de consola lançado em 2013 pela Naughty Dog. Semelhante até ao detalhe: como a personagem inicial ser a Sarah, a t-shirt que tem vestida ou o diálogo entre ela e o pai quando trocam a prenda de aniversário, entre tantos outros.
Esta fidelidade à narrativa original não surpreende, já que a série foi escrita com o diretor do jogo, Neil Druckmann, em conjunto com o criador da premiada série "Chernobyl", Craig Mazin.
A série, tal como o jogo, assenta na ideia de que um fungo se disseminou pelo Mundo, levando a uma pandemia de pessoas canibais e violentas (uma espécie de zombies, desta feita rápidos e até a fazer lembrar uma certa possessão espiritual).
Exceção à regra
A narrativa acompanha a sobrevivência de Joel e ainda no primeiro episódio chega-lhe uma missão: levar a jovem Ellie, em segurança, para a outra margem dos Estados Unidos. É logo nas primeiras interações entre as duas personagens que percebemos que se irá criar um laço especial entre ambos.
"The last of us" é já um fenómeno da plataforma de streaming HBO Max. No dia de estreia, foi visto por mais de 4,7 milhões de espectadores, sendo o segundo maior sucesso a seguir a "House of the dragon". Em dois dias, a série pós-apocalíptica conseguiu, apenas nos Estados Unidos, superar a margem dos dez milhões de espectadores.
O videojogo original é considerado pelos críticos um dos melhores da sua geração, tendo ganho diversos prémios. Além de assentar no primeiro jogo, a série absorve também elementos da sequela jogável "Left behind" (2014). Há ainda um terceiro jogo, "The last of us: part II" (2020), que poderá inspirar a narrativa da HBO Max numa segunda temporada.
O jogo "The last of us" é tido como inovador no Mundo das consolas pela sua forte ligação à narrativa quase cinematográfica, sendo descrito como imersivo e intenso. Esse poderá ter sido um dos fatores que levou ao sucesso da adaptação ao pequeno ecrã, uma exceção neste universo.
"Tomb raider", "Assassin"s creed" e "Warcraft" são alguns exemplos de jogos aclamados que deixaram a desejar quando passaram para a Sétima Arte. No ano passado, o jogo "Uncharted", da mesma empresa que "The last of us", foi também adaptado ao cinema, sem grande sucesso.
A fórmula repete-se na animação, com exemplos como "Angry birds: o filme", "Sonic - o filme" ou "Pokémon: detetive Pikachu". Se recuarmos 30 anos, encontraremos "Super Mario Bros", o filme baseado no clássico videojogo e tido como uma das piores adaptações alguma vez feitas.
"The last of us" estreia um novo episódio todas as segundas-feiras às 2 horas da manhã em Portugal. A primeira temporada terá oito episódios.
Cocriador do jogo "desiludido"
Apesar do sucesso numérico e da mestria na adaptação ao pequeno ecrã, "The last of us" não tem escapado a notas menos positivas. Bruce Straley, um dos principais criadores do universo do videojogo, e responsável por questões como a narrativa e a personalidade de Joel e Ellie, não é mencionado na série da HBO Max. O criador confessou estar "desiludido" com a situação. O grande número de espectadores chamou a atenção do cibercrime, tendo sido relatados, nos últimos dias, falsos anúncios para descarregar o jogo no qual a série se baseia e que são, afinal, vírus que têm por objetivo roubar informações pessoais.