"The Lincoln lawyer": o meu carro é o meu escritório

Admirador de histórias de advogados e tribunais, desde os romances policiais de Erle Stanley Gardner, protagonizados por Perry Mason, que originaram uma famosa série na década de 1950, reencontramos no streaming esta temática em diversas séries: da icónica "Suits" à original "Como defender um assassino", passando pela recém-regressada "Lei & ordem" ou a portuguesa "Liberdade 21".

Uma das propostas mais recentes é "Nos meandros da lei", mais uma criação de David E. Kelley, agora baseada nos romances de Michael Connely.

Intitulada "The Lincoln lawyer", por parte significativa da ação decorrer no carro do protagonista, Mickey Haller (interpretado por Manuel Garcia-Rulfo), que se faz deslocar num belo modelo Lincoln Continental descapotável, de 1963 - mas também num Lincoln Navigator, de 2022 -, esta terceira temporada da série mantém o tom desafiador e o suspense.

Em termos de estrutura, a par dos casos que começam e acabam em cada episódio, há um outro, mais extenso e complexo, que atravessa os dez episódios da temporada, apoiado nas histórias particulares das personagens. Na atual, Haller defende um jovem acusado de ter assassinado uma antiga informadora, Gloria Days, descobrindo progressivamente que o caso esconde ramificações bem mais esconsas e perigosas.

Uma das características de "Nos meandros da lei" é o equilíbrio entre cenas de ação, a investigação dos casos e a sua conclusão em tribunal, onde Haller se revela exímio nos interrogatórios e atento aos pormenores e às contradições, o que lhe permite obter sentenças inesperadas.

Se neste último aspeto, o advogado brilha sozinho, no que concerne à investigação e à gestão do dia a dia do seu escritório, conta com a sua secretária, candidata a advogada e ex-mulher Lorna Crane (Becki Newton) e Cisco (Angus Sampson), marido desta e investigador, para além das inevitáveis incompatibilidades com quem está do outro lado, como a procuradora do Ministério Público.