Os funcionários da Casa da Música afetos ao sindicato do setor acusam a administração de ter ignorado os prazos para a apresentação de uma proposta de planos de carreira e tabelas salariais.
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Reunidos no final da semana passada em plenário, os trabalhadores da Casa da Música (CdM) criticam de forma severa o silêncio da atual administração da instituição, que mantém em suspenso a apresentação da sua proposta de planos de carreira e tabelas salariais.
Em comunicado, o CENA-Sindicato dos Trabalhadores dos Espetáculo relembra que "o envio desta proposta foi prometido para o final de junho de 2025, prazo que não foi cumprido. Está em causa um processo que partiu da iniciativa dos trabalhadores, com o objectivo de melhorar condições de trabalho num sector ainda marcado por desregulação de horários, ausência de carreiras, vínculos precários e, acima de tudo, uma dedicação extrema à profissão que poucas vezes é reconhecida. De um novo Conselho de Administração que se apresentou, há um ano, apostado em avançar rapidamente com as negociações, esperava-se outra atitude".
Os trabalhadores expressaram ainda "a profunda preocupação com o futuro da Fundação Casa da Música", falando mesmo numa "deterioração do modo como a Fundação tem sido gerida, particularmente desde que a anterior administração criou o caos organizativo com sucessivas e contraditórias reformulações de organograma, que têm prejudicado o normal desenrolar das atividades da instituição.
No entender dos representantes sindicais, "faltam noções de gestão cultural no topo da hierarquia, desperdiça-se a experiência acumulada e competências de excelência na base. Esta situação tem conduzido a numerosas saídas de trabalhadores do quadro, antes do tempo normal. São colegas que desistem e se vêem obrigados a voltar as costas ao projecto. São ativos da Casa da Música que se perdem e é uma missão cultural que fica em causa".
O plenário abordou ainda os resultados da reflexão feita sobre o modelo de governação da Fundação Casa da Música, afirmando que "redundaram em nada". Por isso, dizem que "se manteve uma estrutura em que o poder decisório emana de um Conselho de Fundadores formado maioritariamente por entidades sem nenhuma ligação ao sector cultural, e sem nenhuma obrigação de financiar a actividade da Casa da Música - o seu lugar neste órgão resulta de um contributo único, há 20 anos, para o capital social da Fundação Casa da Música. Este modelo está, hoje, esgotado. Está demonstrado que o contributo financeiro da quase totalidade dos fundadores é nulo ou irrisório, e que as suas nomeações para os conselhos de administração não resultam - porque a gestão cultural não é a gestão de uma empresa fabril ou bancária, muito menos um poleiro social".