Festival de cinema documental do Porto mostra a reconversão do Centro Comercial Stop, uma digressão da histórica banda indie Pavement e um documentário sobre tourada, “Tardes de soledad”, belo e brutal. Para ver no Cinema Batalha e no Passos Manuel.
Corpo do artigo
O documentário “Stop: salas de ensaio para um materialismo histórico” regista a passagem do centro comercial portuense de uma catedral de consumo dos anos 1980 para um lugar icónico de produção de música no novo milénio.
O filme realizado por Jorge Quintela é exibido esta quarta-feira (21 horas) no Porto Post Doc, festival que decorre no Batalha Centro de Cinema.
“Uma reflexão sobre este edifício é também uma reflexão sobre a cidade”, diz o cineasta, que usa fragmentos de “As passagens de Paris”, projeto inacabado do pensador alemão Walter Benjamin.
Já esta terça-feira no Porto Post Doc (16.45 horas), destaque para “Tardes de soledad”, extraordinário documentário do catalão Albert Serra sobre a estrela tauromáquica espanhola Andrés Roca Rey.
O filme, que seguiu Rey ao longo de dois anos por várias arenas de morte, "permite-nos refletir sobre a experiência íntima do toureiro que assume o risco de enfrentar o touro como um dever pessoal, por respeito à tradição, e como um desafio estético. Este desafio cria uma forma de beleza efémera através do confronto material e violento entre a racionalidade humana e a brutalidade do animal selvagem".
Ainda inédito no circuito comercial de salas, “Tardes de soledad”, que venceu o prémio maior do Festival de San Sebastian, é um filme altamente recomendável - mas vem cheio de imagens aterradoras, e sem qualquer filtro, de violência sobre os touros, que em Espanha são mortos na arena.
Por último, saliência no programa desta terça-feira do Porto Post Doc 2024 para “Pavements” (22.30 horas, Cinema Passos Manuel). O documentário de Alex Ross Perry, também inédito por cá, é um mergulho caleidoscópico na icónica banda indie norte-americana Pavement, muito célebre nos anos 90, seguindo a sua digressão esgotada de 2022.