Lista de finalistas a Capital Europeia da Cultura 2027 divulgada no primeiro trimestre de 2022. Candidatura vencedora só será conhecida em 2023.
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Termina esta terça-feira o prazo para as cidades portuguesas que aspiram a ser Capital Europeia da Cultura (CEC) em 2027 formalizarem as candidaturas. Portugal e Letónia são os países que vão partilhar o título daqui a cinco anos.
De acordo com a informação prestada ao JN pelo Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais - autoridade de gestão do concurso, sob tutela do ministério da Cultura (GEPAC) -, "treze cidades que manifestaram formalmente a intenção de concorrer: Aveiro, Braga, Bragança, Coimbra, Évora, Faro, Funchal, Guarda, Leiria, Oeiras, Viana do Castelo, Ponta Delgada e Vila Real". É a primeira vez que há concurso interno para eleger uma cidade. Até hoje, as CEC portuguesas foram convidadas a sê-lo. Foi o caso de Lisboa 1998, Porto 2001 e Guimarães 2012.
"A atual iniciativa da Capital Europeia da Cultura tem por base a decisão 445/2014/UE, de 16 de abril de 2014, do Parlamento Europeu e do Conselho, que estabelece uma ação da União para as Capitais Europeias da Cultura para os anos de 2020 a 2033 (e que revoga adecisão 1622/2006/CE que estabeleciauma ação de apoio à manifestação Capital Europeia da Cultura para os anos de 2007 a 2019)", elucidou a mesma fonte. O novo quadro para a iniciativa pós 2019 estabelece um "processo de seleção em duas fases: pré-seleção e seleção final, conduzido por um júri de peritos independentes junto das cidades candidatas", disse fonte do GEPAC.
As candidaturas serão avaliadas por um "júri com 12 membros. As instituições e órgãos europeus designam dez membros: o Parlamento Europeu, o Conselho e a Comissão Europeia selecionam três membros cada um, e o Comité das Regiões seleciona um membro. O ministério da Cultura português nomeará dois membros, em consulta com a Comissão Europeia".
Quanto à calendarização, "prevê-se que a reunião de pré-seleção aconteça no primeiro trimestre do próximo ano e a reunião de seleção final no início de 2023".
reabilitar património
A candidatura de Faro lança um mote importante: "Mesmo que não se concretize Faro 2027, terá de existir Faro 2030. Faro 2030 é um desígnio coletivo. Faro 2027 é um instrumento mobilizador", escreve, ao JN, a comissão que pretende mobilizar toda a região algarvia. Este é o objetivo da maioria das cidades.
De acordo com o autarca de Évora, Carlos Pinto de Sá, "independentemente do resultado da candidatura, esta tornou-se numa oportunidade de pensar a cidade a partir da cultura, ou seja, colocando-a no centro do desenvolvimento, com projetos de reabilitação de património". A coordenadora da candidatura é Paula Mota Garcia, ex-diretora do Teatro Viriato de Viseu.
Repetentes na corrida
Oeiras, com o ex-secretário de Estado da Cultura Jorge Barreto Xavier na liderança, pretende recuperar espaços emblemáticos como a Casa da Pesca e criar um conjunto de novos auditórios, museus e centros culturais.
Leiria escolheu para a presidência do Conselho Estratégico da candidatura, João Bonifácio Serra, historiador que presidiu a Fundação Cidade de Guimarães, responsável pela Guimarães 2012. Entre os seus planos está a criação do Centro de Artes Villa Portela e a Rede Cultura, que abrange 26 municípios e aposta na partilha de criações e recursos artísticos e culturais.
Em Coimbra, o coordenador é o ilusionista Luís de Matos. O Convento de São Francisco tem sido o quartel general da candidatura da cidade, local onde se têm desenvolvido os eventos de incentivo à candidatura.
Aveiro tem Carlos Moedas, ex-comissário europeu e atual presidente da Câmara de Lisboa, como presidente da Comissão de Honra. A renovação do Teatro Aveirense e a requalificação do antigo Edifício Fernando Távora têm o selo da candidatura. Com Pedro Gadanho na direção executiva e Teresa Patrício Gouveia na Comissão de honra, a Guarda envolveu 17 municípios, dois deles espanhóis. O Centro Internacional de Dramaturgia (ler peça ao lado) é uma das grandes apostas.
Competição a Norte
A Norte, a competição está renhida. Viana do Castelo, cujo slogan é "Viana, um mar de cultura", tem Gonçalo Vasconcelos e Sousa, professor catedrático da Universidade Católica, como comissário da candidatura. O escritor Valter Hugo Mãe e o chef Hélio Loureiro integram a equipa.
Braga desenhou um programa para dez anos, "Braga Cultura 2030", que agrega equipamentos (reabilitação do cinema S. Geraldo, escola Francisco Sanches, etc.) e a musealização das ruínas das Carvalheiras.
Em Trás os Montes, com o slogan "Real d"Aspecto e de Graça", Vila Real quer "envolver" o território onde existe património mundial da Unesco: Douro, Côa e Bisalhães. A incógnita é Bragança, que ainda não teve ações de promoção, mas figura na lista do GEPAC.
A equipa coordenadora do Azores 2027, nome oficial da candidatura de Ponta Delgada, percorreu os 600 quilómetros que separam o Corvo de Santa Maria, para mapear agentes culturais. Já o Funchal, na Madeira, teve a primeira iniciativa com "Blue Light" de Silvestre Pestana e tem 139 projetos culturais em carteira.
*com correspondentes