"Talvez que noutro mundo, noutro livro, tu não tenhas morrido e talvez nesse livro não escrito nem tu nem eu tenhamos existido". O extrato do poema "Luz", de Manuel António Pina e a vasta produção literária do autor, complementada pelo documentário "Um sítio onde pousar a cabeça", de Alberto Serra servirão de mote para a homenagem que a Biblioteca Municipal de Barcelos promove, este sábado, pelas 16 horas, ao escritor e jornalista falecido no passado dia 19 de outubro.
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"Do infinitamente pequeno ao infinitamente grande, Manuel António Pina, poeta, romancista, cronista, escritor de livros infantis, tem muito a dizer sobre o mundo, a poesia, a ciência, as pessoas, os gatos", introduz Alberto Serra, como ponto de partida para o documentário que antecede "uma conversa com quatro grandes amigos do Pina e que darão um retrato do homem e obra". João Luís Barreto Guimarães, poeta, falará da poesia de Pina; Álvaro Magalhães, escritor, versará a obra original do Pina na área da literatura infantil; Germano Silva, jornalista e historiador, falará sobre o Pina jornalista; e Sousa Dias, professor, abordará o Pina cronista.
A exibição do documentário "Um sítio onde pousar a cabeça", da autoria de Alberto Serra, com realização de Ricardo Espírito Santo, antecede um debate. Ocasião para conhecer melhor o escritor, numa abordagem coloquial de Alberto Serra, com testemunhos de amigos, familiares e especialistas da sua obra que contribuem para desvendar o "universo Pina".
Através das crónicas diárias, "Por Outras Palavras", no "seu" Jornal de Notícias apontou os problemas mundanos, transversalmente, deixando sempre uma marca cultural na simplicidade dos textos. Reconhecido pelos demais escritores, a obra de Manuel António Pina vinca o cunho profundamente humanista do seu caráter, sendo este tributo uma oportunidade de aprofundar o conhecimento da poesia, da crónica, da literatura para crianças e do teatro do escritor e poeta.
Manuel António Pina tinha uma predileção muito especial por Barcelos, terra onde seu pai trabalhou, na Secção de Finanças. Com outros escritores e pintores portuenses revelou particular predileção pelo artesanato local, sendo frequente a visita ao atelier de Rosa Ramalho. Nesta cidade participou em muitas iniciativas culturais, tendo sido homenageado na Feira do Livro de 2011.
?"Não é o fim nem o princípio do mundo, calma é a apenas um pouco tarde", diria Manuel António Pina.