Trabalhadores do Comércio são uma das principais atrações do primeiro dia do evento, na sexta-feira. Banda promete mescla de êxitos com temas novos.
Corpo do artigo
Surgiram logo no início da década de 1980, em pleno "boom" do rock português, e o impacto desses temas ainda hoje se faz sentir. Na sexta-feira à noite, os Trabalhadores do Comércio aterram na Alfândega do Porto no primeiro dia do North Festival, integrando um cartaz onde figuram ainda os Chemical Brothers, Bomba Estéreo, The Legendary Tigerman ou Jafumega.
Além dos méritos musicais, os Trabalhadores do Comércio cedo se destacaram por cantarem em "nortense" - um português com sotaque do Norte -, mas também pelo humor das suas canções, como o "Lima 5", single de estreia lançado em 1980.
Passado um ano lançaram o seu primeiro álbum, intitulado "Trip"s à moda do Pôrto", que continha o tema mais conhecido da banda, "Chamem a polícia".
Circunstâncias de força maior levaram ao afastamento de alguns elementos-chave da banda. A ida de Joe Médicis para Inglaterra e a "emigração" de Sérgio Castro para a Galiza ditaram "um certo abrandamento na atividade", refere o vocalista da banda, mas a paragem absoluta nunca foi sequer opção.
Em 2007, dá-se o lançamento do disco "Iblussom", que, segundo Sérgio Castro, foi "um álbum fantástico em todos os sentidos, porque em termos musicais soa bem. Ainda por cima, fez aquele milagre de vender milhares de discos numa altura em que já ninguém comprava CD".
O regresso, para alegria dos seus fãs, "não foi premeditado, os astros alinharam-se" e a banda voltou, para tristeza de quem está "farto de ouvir as canções",
Sérgio Castro garante, porém, que a banda "não vai chegar aos 100 anos". O segredo para a união do grupo está na amizade e no "prazer de estarmos juntos" ser genuíno, afirma Joe Médicis, guitarrista da banda, reforçando o gosto "de fazer música bem feita e bem gravada".
Miguel Cerqueira, baixista do grupo, aponta para a "forma despreocupada" como compõem os seus temas - uma vez que os elementos da banda não dependem da música para sobreviver -, contribuindo assim para o sucesso "intemporal" do grupo.
Novo disco a caminho
Dada a exigência das editoras de cantarem em português, Sérgio Castro e Álvaro Azevedo decidiram "pegar no sotaque nortenho e torná-lo numa espécie de cavalo de Troia", usado para entrar na música nacional, estabelecendo uma única exigência da banda para com a editora: "cantar neste português" (com sotaque do Norte).
Na sua passagem pelo primeiro grande festival do ano, Os Trabalhadores do Comércio prometem dar "roupa nova" às suas canções "com 10, 15 e 20 anos", com o objetivo de mostrar que as suas "músicas são intemporais".
O alinhamento do concerto terá temas que "abrangem toda a carreira do grupo": algumas músicas do princípio dos anos 80, temas dos álbuns "Iblussom" e "Das turmêntas hà boua isperansa", mas também do novo álbum. Não só o single que está disponível nas redes, mas também mais dois ou três temas que vão sair no novo disco, a seguir ao verão.
Sérgio Castro revela ainda "o enorme prazer" de partilhar o palco do festival com a banda de rock Jafumega, que também faz parte do cartaz, no que seria um reencontro muito especial.
O futuro da banda passa pelo lançamento do novo álbum "Objeto" e pela intenção de agendar "uma quantidade de pequenos espetáculos" em teatros municipais, numa digressão de inverno ainda este ano.