O sol regressou ao Prado de Serralves, na tarde deste domingo, repleto de bandeiras do Brasil. Há também múltiplas referências à Bahia.
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Para quem se concentrar, há um som ininterrupto durante o North Festival, o das rãs que habitam o Parque de Serralves, uns dos animais que permaneceram no Parque durante o certame que termina este domingo.
Com o sol a raiar, brilhos ofuscantes cintilam e o público voltou a trocar as galochas de ontem, por sandálias e chinelos de dedo. Quadris rebolados, a provar que os brasileiros sabem melhor do que ninguém dar festa e ainda antes do primeiro concerto, mostram que levam a música dentro de si no palco Sunset.
O primeiro concerto da tarde foi do rapper brasileiro Willian Oliveira, de 22 anos, nascido em São Paulo. Apesar de trazer uma fusão de trap, rap e elementos da música brasileira, uma identidade sonora única que ressoa com a juventude urbana brasileira, no concerto assume-se como o "último dos românticos".
As suas letras frequentemente exploram questões sociais, experiências pessoais e a realidade das periferias brasileiras, trazendo uma voz poderosa e autêntica para o cenário musical. Músicas como "Mete Dança" e "Flow Espacial" exemplificam sua habilidade de misturar críticas sociais com batidas envolventes e refrões memoráveis.
No concerto do North Festival começou por cantar ” Coração de gelo”, onde conta uma triste história: "me leva para tua casa para te dar prazer, mas não vou segurar a tua mão", a trama segue-se com "Lágrimas de crocodilo" em que repete: "você pode beijar quem quiser que eu não estou nem vendo". Apesar de ter uma performance enérgica, o público brasileiro não se mostrou muito caloroso perante a proposta.
Dora repleta de pulseiras do Senhor do Bonfim, na cabeça, conta "eu só estou aqui mais na frente porque estou à espera do Menos é Mais".
Percebe-se bem a espera, "Menos é Mais" é um grupo de pagode que tem conquistado o Brasil com seu som autêntico e envolvente. Formado no Rio de Janeiro, o grupo é composto por Douglas, Jorge Farias, Gustavo Goes, Paulinho Félix e Ramon Alvarenga, em cena têm o maior elenco que passou pelo North Festival, são 14 pessoas em palco.
Para começar disparam canhões de papelinhos sobre o público, anunciando que a festa chegou. "Quem está com saudade do Brasil?" perguntam, e logo um mar de membros no ar.
O concerto do Menos é Mais é uma experiência imperdível para os fãs de pagode e música brasileira. O repertório é cuidadosamente escolhido para incluir tanto os maiores sucessos do grupo, quanto clássicos do género. Canções como "Adorei", "Homem de Ferro" e "Melhor Eu Ir" são algumas das mais aguardadas pelos fãs, que cantam junto com a banda num coro emocionante. Nesta altura até já os portugueses têm saudades do Brasil, mesmo aqueles que iam espreitando para ver como estava o jogo do final da Taça de Portugal.
Menos é Mais e a sua capacidade de reinventar o pagode, trazendo uma abordagem mais moderna sem perder a essência do género é óbvio tanto nas composições próprias quanto nas interpretações de clássicos, que ganham uma nova roupagem nas mãos da banda. "A lapada dela" abriu e fechou o concerto apoteótico.
A alegria do Brasil é contagiante e segue neste dia de fecho.

