<p>Paris pode ser viciante, como talvez tudo nas nossas vidas. Também há quem, à falta de rivieras francesas, se vicie na Costa de Caparica ou nos areais de Moledo do Minho. Mas adiante, que temos de apanhar o avião. </p>
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Uma pessoa escolhe visitar a cidade, mesmo em tempo de crise, e pode acontecer-lhe ficar com vontade de lá voltar. Já na década de 30 do século passado, o norte-americano Ernest Hemingway fez da capital francesa cenário de um dos seus mais famosos livros de memórias, "Paris é uma festa".
Paris continua a ser fonte de inspiração. Nada como percorrê-la ouvindo a música do acordeonista Richard Galliano ou, depois de repousar o olhar nas águas do Sena, aproveitar para ler "Paris nunca se acaba", do catalão Enrique Vila-Matas.
O livro é, nas palavras do próprio autor, "uma recapitulação irónica" da sua juventude na capital francesa. Ao longo de pouco mais de centena e meia de páginas, o autor de 'Paris não tem fim' evoca o exílio voluntário de dois anos em que ocupou umas águas-furtadas que lhe foram alugadas por Marguerite Duras.
E lá foi ele, o Henrique, e lá podemos ir nós, se por acaso não pertencermos à classe dos visitantes menos bulímicos, que se contentam com uma rua, ou duas, e em vez de correr numa lufa lufa, se sentam numa esplanada a ver quem passa.
Estamos, portanto, em Paris. E de livro na mão, por que não ouvir a música de Richard Galliano, o inventor da nova "musette" ? Galliano, que dizem ter revolucionado a história do acordeão, trabalhou com nomes da canção francesa como Barbara, Regianni, Greco ou Aznavour e é hoje uma presença assídua nos mais prestigiados festivais de jazz.