Poderoso e belo, o décimo álbum dos Deftones entra diretamente no top três da banda.
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Um disco poderoso, intenso e belo que consegue juntar emoções e estilos aparentemente antagónicos numa mesma tela musical. "Private music" é um álbum coeso, repleto de momentos épicos e que entra diretamente para o top três dos melhores discos dos Deftones.
Os norte-americanos voltaram a chamar Nick Raskulinecz, produtor de Diamond Eyes e o brilhante Koi no Yokan. À terceira colaboração e quando parecia que os melhores dias da banda já estavam para trás, a realidade é que deram à luz uma obra-prima.
"Private Music" está repleto de riffs poderosos e cheios de "fuzz", acompanhados pela bateria de Abe Cunningham que recuperou aquela pancada seca e crua dos primeiros discos. E a voz de Chino Moreno consegue, mais uma vez, mudar facilmente de registo, dos berros guturais a quase sussurros ondulantes. Temos as típicas barragens graves de distorção que, depois, rebentam numa explosão melódica de refrões épicos, corpulentos e grandiosos.
Coeso mas surpreendentemente diverso, este é um disco repleto de músicas orgânicas que, como se verdadeiros seres vivos, evoluem e crescem de compasso para compasso, como "Ecdysis", ou de tema em tema, como a transição de "Souvenir" para a furiosa "cXz". Há ainda espaço para a tradicional música de amor em "I think about you all the time" que consegue entrar no alinhamento sem nunca soar como um corpo estranho.
Há neste disco qualquer coisa de épico, não no tradicional sentido metaleiro do termo, mas no sentido melódico e emocional, de momento sublime e memorável, que nos solta um formigueiro pelo corpo e nos faz eriçar os pelos. Após mais de 30 anos de carreira, e já bem nos cinquenta de vida, quem diria que os Deftones ainda tinham tanto para nos dar?