O festim ‘Esta Noite Grita-se’ inicia-se este domingo na Biblioteca de Alcântara, em Lisboa, com uma sessão especial, de entrada livre. Até dezembro, vive-se a palavra e o texto, com leituras e atividades paralelas.
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‘Esta Noite’, e durante as próximas semanas, lê-se teatro e vive-se a palavra. Na sua sétima temporada, o evento anual que celebra o texto teatral, abrange um ciclo de leituras interpretadas de textos e a terceira Edição do Prémio Nova Dramaturgia de Autoria Feminina, além de oficinas de leitura para jovens.
O festim ‘Esta Noite Grita-se’ é um ciclo de leituras interpretadas de textos de teatro realizadas em vários locais por um grande número de atores reconhecidos, com uma direção artística comum.
Tal como explica ao JN o responsável da Companhia Cepa Torta e um dos diretores artísticos, Miguel Maia, o caráter é programático, já que se desenrola ao longo de um vasto período de tempo –até dezembro –, em locais diferentes e com a participação de muitos artistas intérpretes, tendo ainda um conjunto de atividades complementares como oficinas para público mais jovem, um concurso literário e uma estrutura convidada.
“Celebramos textos clássicos, mas também peças inéditas ou pouco representadas em Portugal, numa seleção eclética de autores e autoras”, adianta o responsável. A direção artística mantém-se com Filipe Abreu e Maia. “Esta será a 7ª temporada, que arranca agora em outubro, em mais uma celebração onde, à semelhança de um banquete, se come, se bebe e se degusta a palavra”, frisa o diretor.
Para Miguel Maia, as leituras deste Festim “não obedecem ao cânone”. Aqui, “há um ator que lê as didascálias, os textos são lidos quase sempre na íntegra” e todo o processo de ensaios leva a “momentos dotados de um fulgor e exuberância invulgares, apesar do despojamento do dispositivo cénico e da relação íntima e informal estabelecida com o público”, explica-nos.
Todo o conceito é, por isso, único: “não existem celebrações desta dimensão e periodicidade no país, em que os textos são analisados e interpretados na leitura, deslocando-se a espaços de natureza diversa que acolhem esta programação numa janela temporal tão alargada, permitindo a fruição por um leque de público muito abrangente e socialmente diverso”, garante.
A primazia é dada ao texto, às palavras do autor, interpretadas por reconhecidos intérpretes e oferecidas à imaginação dos públicos. “A encenação é do público. E é nessa viagem, nos cantos e recantos de extraordinários textos teatrais que, com a ajuda de um grande leque de intérpretes, se apresentam ao público leituras inquietas, a traço largo, em esboço”, conclui.
Paralelamente, destaca ainda, decorrem outras atividades que complementam a celebração: a atribuição do Prémio Nova Dramaturgia de Autoria Feminina, que anualmente distingue um texto inédito de uma dramaturga, o Podcast que disponibiliza diversos textos num formato audio acessível e as oficinas para os jovens.
Vários locais, uma celebração
Este ano o Festim de texto teatral acontece durante vários meses e em diversos espaços de Lisboa: Biblioteca Palácio das Galveias, Biblioteca Orlando Ribeiro, Biblioteca Alcântara, na Fábrica Braço de Prata, no Museu da Marioneta e na Fundação Calouste Gulbenkian; mas vai também ao Algarve, à Biblioteca Municipal de Faro - António Ramos Rosa, numa parceria com o Teatro das Figuras.
A sétima temporada arranca este domingo, 1 de outubro, pelas 16h, na Biblioteca de Alcântara com uma sessão especial de entrada livre, mediante lotação da sala. A sessão será transmitida em streaming (redes sociais/Youtube da Companhia Cepa Torta). Aqui será também apresentada, ao público, a programação deste ano pelos diretores artísticos Miguel Maia e Filipe Abreu e realizada a leitura de excertos das peças escolhidas para esta temporada por alguns dos intérpretes que nela participam, bem como divulgada a autora vencedora do Prémio Nova Dramaturgia de Autoria Feminina 2023.
Depois, o ciclo de leituras inicia-se, à semelhança dos anos anteriores, nas Bibliotecas de Lisboa (Palácio das Galveias, Orlando Ribeiro e Alcântara). A primeira leitura decorre nos dias 6, 7 e 8 de outubro com o texto “Tatuagem” de Dea Loher com tradução de José Maria Vieira Mendes. Será interpretado por Ana Cris, Beatriz Godinho, Filipe Abreu, João Lagarto, Mário Coelho, Miguel Curado, Rita Durão.
Este texto será também o primeiro a contar com uma sessão na Biblioteca Municipal de Faro, no dia 12 de outubro.
Do convite deste ano ao artista Miguel Sopas resulta a apresentação da leitura de “A Vénus das Peles”, de David Ives, em co-criação com a atriz Joana Cotrim. Junta-se ainda aos dois leitores a voz de Mariana Lobo Vaz. Este será o segundo texto desta temporada, e será apresentado em Lisboa, nos mesmos locais, a 20, 21 e 22 de outubro.
Nesta edição, a Oficina de leitura Esta Manhã Grita-se, direcionada aos jovens, realizar-se-á na Biblioteca de Alcântara no mês de outubro, em duas partes, a primeira no dia 8 e a segunda parte no dia 22, sempre entre as 10h e as 13h.
Em novembro, saboreia-se a palavra num local que faz parte da história do Esta Noite Grita-se – a Fábrica Braço de Prata – e estreia-se um novo espaço neste Festim – o Museu da Marioneta. Nos dias 3, 4 e 5 de novembro o evento apresenta na Fábrica Braço de Prata, “Coragem de Mãe” de George Tabori, traduzido por António Conde. Este texto será interpretado por Pedro Luzindro, Elsa Valentim, Filipe Abreu, Miguel Maia, Sebastião Martins. E estreia-se no Museu da Marioneta nos dias 17, 18 e 19 de novembro, com a peça “Menina Júlia” de August Strindberg e tradução de Augusto Sobral. Será interpretado por João Gaspar, Lara Matos, Filipe Abreu e Rita Brutt.
Será também a “Menina Júlia” que visitará a Biblioteca Municipal de Faro, para uma sessão no dia 23 de novembro. No dia 2 de dezembro decorre a atribuição do prémio à autora vencedora do Prémio Nova Dramaturgia de Autoria Feminina, com o lançamento do livro a primeira leitura pública da obra premiada, na Fundação Gulbenkian. Esta leitura será repetida no mesmo local no dia 3 de dezembro. A 7ª temporada despede-se no dia 14 de dezembro, com uma última sessão onde é feita a leitura da obra vencedora na Biblioteca Municipal de Faro.
Mais informações na página da Companhia Cepa Torta https://www.cepatorta.org/.