"O jogo das alterações climáticas" é o título de uma banda desenhada da autoria dos portugueses Bruno Pinto (argumento), Quico Nogueira (desenho) e Nuno Duarte (cor). É agora publicada em português pela editora Polvo.
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Com prefácio do professor Filipe Duarte Santos, reconhecido especialista na área, vai ser apresentada hoje, quinta-feira 7, às 18 horas, na Faculdade de Ciências de Lisboa.
Bruno Pinto, o argumentista, referiu ao "Jornal de Notícias" que "este livro vem na sequência de outro intitulado 'Reportagem especial', publicado no final de 2016, com várias histórias baseadas em casos reais provocados por fenómenos climáticos extremos em Portugal".
Agora, o novo projeto, "que nasceu de um convite do Gil Penha-Lopes", igualmente docente na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e responsável em Portugal pelo projeto Beacon (Bridging European and Local Climate Action), alarga o âmbito a "alterações climáticas na Europa", o que possibilitou que esta banda desenhada tenha "sido publicado em inglês, alemão, grego e romeno (e agora em português)".
Bruno Pinto revela que trabalhou "três meses no guião, incluindo uma viagem à Alemanha e à Roménia, para tirar fotos e recolher informações sobre casos reais". Segundo ele, "a credibilidade do relato era fundamental. Tudo o que está no livro aconteceu realmente. Trata-se de uma narrativa ficcional mas com uma base verídica muito forte. Era importante que em cada país as pessoas se reconhecessem nos acontecimentos e nos locais retratados".
É por esse motivo que na base da história está "uma viagem de Interrail dos protagonistas", dois irmãos portugueses, Sofia e Gabriel, para recolherem informações e ideias para um jogo sobre as alterações climáticas, cuja intenção é que funcione num espírito cooperativo. Porque estes fenómenos são um desafio para todos e só em conjunto é possível enfrentá-las. Ao longo de cinco meses e 80 páginas, os dois irmãos vão aprender sobre eficiência energética em Paris; incêndios florestais na Grécia e em Portugal; correntes de ar e escassez de água na Europa Central; ou a integração das energias renováveis em Portugal e na Alemanha. Além de Portugal, Alemanha, Bulgária, República Checa, Grécia, Polónia e Roménia, os países que integram o projeto Beacon, os dois irmãos foram também a França, "para ser possível referir o Acordo de Paris, tão importante neste contexto".
Uma vez pronto o argumento, Bruno Pinto passou-o a Quico Nogueira, que tinha sido o colorista do livro anterior. Ao JN, o desenhador disse ter aceite o convite "uma vez que a temática é de grande importância atual". Além disso, acredita que "a BD poderá ser uma forma mais direta de fazer passar informação relevante que de outra forma é mais complicado transmitir". E reforça: "É essencial que estes temas cheguem à população generalizada e, em particular, à população mais jovem".
A questão da credibilidade levou-o a aprofundar "o levantamento exaustivo dos locais da Europa por onde passariam as personagens. Era essencial existir verosimilhança, para que as populações locais se identificassem com a BD".
Agora, com a edição portuguesa impressa, Bruno Pinto confessa que gostava "que tivesse uma boa difusão, que pudesse ser comprada pelos interessados em qualquer ponto do país e que esgotasse a primeira edição".
E conclui: "Interessa-me falar sobre alterações climáticas e este é o meu pequeno contributo para a educação e a sensibilização ambiental".