Chega esta quinta-feira às salas portuguesas "Lumière, a Aventura Continua!", de Thierry Frémaux.
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Da invenção do cinema, ou melhor, do espetáculo cinematográfico como hoje o conhecemos, com a projeção de filmes numa tela, numa sala, perante um público pagante, ao presente e ao futuro do cinema. Dos irmãos Auguste e Louis Lumière a Thierry Frémaux. Uma história de 130 anos cujos primórdios podemos recordar em "Lumière, a Aventura Continua!".
Thierry Frémaux é, desde há vários anos, enquanto selecionador principal do Festival de Cannes, o grande farol da cinefilia, apontando-nos novas direções e fazendo-nos descobrir novos autores. Mas é também um dos fundadores do Instituto Lumière, localizado precisamente onde os irmãos tinham a sua fábrica, em Lyon, e onde se realiza todos os anos o Festival Lumière, o mais importante do mundo de cinema do património e onde se costumam descobrir autores que mesmo os cinéfilos mais iniciados desconheciam.
Com um acesso privilegiado ao espólio dos Lumière, que se encontra em grande parte restaurado e disponível para visionamento, Frémaux já tinha feito uma primeira colagem, intitulada "Lumière: A Aventura Começa". Agora, a aventura continua, com a montagem de cerca de uma centena de filmes dos irmãos Lumière.
Com o saber e a profundidade da análise fílmica de Frémaux, mas também com a simplicidade da sua linguagem, Frémaux assina um filme destinado sobretudo aos cinéfilos mas acessível a todos. Mostrando que, ao contrário do que os irmãos de Lyon afirmaram, o cinema não só tinha futuro como ele já estava inscrito nas suas próprias obras, na composição dos planos, na sua conceção dramatúrgica, mesmo estando a falar de pequenos filmes de cerca de um minuto de duração, na diversidade de géneros e de modos de produção.
Se é costume dizer-se que Griffith foi o pai do cinema, o que Thierry Frémaux mostra com este seu novo filme, que poderíamos estar a ver horas seguidas, é que Auguste e Louis Lumière foram os avós do cinema.