"Ôss” junta a coreógrafa Marlene Monteiro Freitas e a companhia Dançando com a Diferença. A peça tem duas récitas no Porto, esta sexta-feira e sábado.
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Desde 2001 que Portugal conta com a companhia Dançando com a Diferença, uma estrutura única na construção e defesa da dança inclusiva. O repertório conta com 21 criações de diferentes coreógrafos, entre eles destacados autores contemporâneos como Tânia Carvalho, Rui Horta, Clara Andermatt, Rui Lopes Graça ou La Ribot. “Ôss”, em cena esta sexta-feira e sábado no Teatro Rivoli, no Porto, às 19.30 horas, é assinado por Marlene Monteiro Freitas.
Entre a Europa e a América, 60 cidades e 25 países já receberam espetáculos e workshops no âmbito da dança inclusiva promovida através do coletivo Dançando com a Diferença. Atualmente, a companhia tem cinco obras distintas em circulação, uma prova de que o seu repertório, mesmo o mais antigo, continua a ser relevante e procurado.
“Ôss” é uma obra coreográfica inovadora, combinando elementos de dança contemporânea, teatro físico e performance, desafiando as convenções narrativas.
“A peça teve um processo de criação muito colaborativo”, explicou Henrique Amoedo, fundador da companhia, ao JN. Desta partilha surgiu um espetáculo opulento onde há múltiplas alusões artísticas, desde a pintura à inspiração mitológica, referências da alta cultura e também da cultura popular. Essa multiplicidade referencial oferece profusos cenários de interpretação pública, como o décor onde a obra decorre – e que tanto pode ser um hospital como um barco.
O universo de Marlene Monteiro Freitas já oferece um vocabulário feito de paradoxos e de quadros incomuns e inusitados, mas com uma capacidade anímica capaz de parar o comboio do enfastiamento.
Logo na primeira cena, com um mestre de cerimónias que nos convida à festa, começámos muito rapidamente por perceber as contradições que encerra, situadas entre a dureza e a maleabilidade.
Exploração visceral da condição humana, “Ôss” mergulha nas profundezas da psique e da experiência corporal através de movimentos intensos e expressivos, com os bailarinos a transmitirem uma vasta gama de emoções e estados de ser que vão do caos à serenidade.