Artefactos relacionados com o navegador português Fernão de Magalhães são a base do novo álbum de BD "O tesouro do mar de Sulu" , de Xavier e Matz.
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Atualmente, uma das características marcantes de muitos dos títulos de BD publicados em Portugal é a proximidade entre as edições lusas e as originais, quando não a sua simultaneidade. No caso de "Tango", o oitavo volume, "O tesouro do mar de Sulu", conclusão do díptico iniciado em "A flecha de Magalhães", acaba de chegar às livrarias com um hiato de três meses em relação à edição francesa.
Com assinatura de Matz e Xavier, o que garante competência e desafio, surge na linha das grandes bandas desenhadas de aventura franco-belgas. "Bernard Prince" é uma das referências que vem à memória, devido à navegação por locais exóticos, onde a aventura acaba sempre por surgir.
Desta vez, o protagonista e o seu companheiro de andanças, Mário, investigam a lenda que diz que o capacete de Fernão de Magalhães e a flecha que o matou nas praias das Filipinas estariam no fundo do mar. Para além do valor histórico de tais artefactos, as crenças dos indígenas afirmam os seus poderes mágicos, havendo vários interessados nos trâmites efetuados por John Tango, embora por razões díspares.
Antigo operacional de uma agência norte-americana, desiludido com a sociedade, apreciador da solidão, dos grandes espaços e de belas mulheres, de uma certa forma podemos equiparar Tango a uma espécie de Corto Maltese dos nossos tempos - embora o marinheiro errante seja imortal e, portanto, de todos os tempos - igualmente com muito de romântico e idealista, mas sem a aura mágica que Pratt, como ninguém, foi capaz de imprimir ao seu alter ego.
Numa narrativa ficcional com uma base histórica sedutora, sem fechar a porta a surpresas, bem ritmada, sem tempos mortos e com uma galeria curta, o que permite uma exploração mais profunda da cada interveniente, o traço realista de Xavier proporciona belos momentos visuais, com pranchas ou vinhetas transformadas em autênticos postais ilustrados.
Ao contrário das séries clássicas, para Tango e Mário, o final nem sempre é feliz ou, pelo menos, não cumpre integralmente o que assumiríamos como tal.