O público do festival do Porto é oriundo de uma centena de países. A edição deste ano arranca na quinta-feira, com expectativa diária de 35 mil visitantes.
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O Primavera Sound Porto arranca na quinta-feira, no Parque da Cidade, e acolhe quatro dias de concertos; o último será um “minifestival eletrónico para o público se despedir”, disse ao JN José Barreiro, diretor do certame.
A nova logística está apostada “em consolidar as estruturas principais, para aguentar mais carga e sem riscos”. Pela primeira vez, o certame bateu um recorde: “Vinte mil bilhetes de três dias vendidos”. Destes, 70% são portugueses e 30% estrangeiros, sendo que os bilhetes ainda estão à venda. Quanto à restante ocupação, os organizadores esperam “35 mil pessoas por dia”.
Mas quem vai, afinal, ao Primavera Sound Porto? Um estudo de públicos feito em 2024 pelo ISAG – European Business School e pelo Centro de Investigação em Ciências Empresariais e Turismo da Fundação Consuelo Vieira da Costa confirmou o que já se intuía no Parque da Cidade: o festival rejuvenesceu no ano passado. A média de idades dos participantes situou-se nos 28,6 anos – dois anos mais baixa do que em 2023 e a mais jovem das últimas três edições.
A faixa etária mais representativa foi a que se situou entre os 16 e os 25 anos, seguida pela dos 26 aos 35, reforçando assim a ligação do festival a um público jovem.
Assistência fiel
José Barreiro ressalva que “no ano passado, o concerto de Lana del Rey trouxe um público mais jovem, mas em geral temos um público muito fiel, dentro do espectro entre os 30 e os 35 anos, originários de cem países. Um perfil adulto que faz turismo musical”.
Os dados do estudo confirmam-no: 85,5% dos visitantes já tinham participado noutros festivais e 44,2% afirmaram que estariam presentes em dois a quatro eventos do género. Um dado que revela não só um público fidelizado à música ao vivo, mas também economicamente participativo.
Este ano, Charli XCX prometia voltar a baixar a faixa etária, mas o diretor explica que tal não aconteceu: “A Charli XCX é poetisa, cinéfila e está acima da cultura da pop. É underground e, por isso, chama públicos mais adultos”. Com este fluxo, o Porto também se transforma, acolhendo, a cada edição, novas dinâmicas sociais, culturais e económicas.
Segundo os dados disponibilizados, pelo estudo, o gasto médio diário por visitante foi de 397,87 euros, englobando alojamento, alimentação, deslocações, lazer e cultura. No recinto do festival, a média foi de 42,28 euros por dia.
Apoio é para continuar
A despesa de alojamento foi a mais significativa (117,74 euros diários). Perto de 30% dos inquiridos escolheram um hotel para pernoitarem, enquanto o alojamento local e o hostel foram opção para respetivamente 21% e 11,1%. Os restantes (27%) ficaram em casa de amigos ou familiares.
O mesmo inquérito revela que a maioria do público estrangeiro aproveitou para conhecer a cidade. Assim, 43% dos visitantes estiveram no Centro Histórico, 24% foram a monumentos ou museus e 20% fizeram compras, ao passo que 18% tiveram atividades gastronómicas e 13% usufruíram da animação noturna,
Ao extrapolar os gastos diários para os cem mil visitantes estimados nos três dias de evento, o mesmo estudo indica que o impacto económico do Primavera Sound Porto atingiu os 43,4 milhões de euros.
Estes números revelam um acerto da aposta da Câmara Municioal do Porto, que estabeleceu um apoio de 650 mil euros para o festival entre 2023-2025. José Barreiro explica que “há possibilidade de renovação e tem havido reuniões com candidatos à autarquia e todos mostraram o seu interesse pelo Primavera”.