Chega esta quinta-feira aos cinemas o magistral “Assassinos da Lua das Flores”, filme que marca o regresso do consagrado Martin Scorsese.
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Quando o cinema de hoje se encontra numa encruzilhada, face à contaminação das suas narrativas pela lógica do streaming – a cena com a Netflix do filme de Moretti é mais séria do que parece -, é bom constatar que os grande autores que moldaram a cinefilia de gerações de cinéfilos em todo o mundo estão ainda em grande forma.
Curiosamente, “Assassinos da Lua das Flores” foi produzido por uma dessas plataformas, a Apple, mas passa primeiro pelo local onde o filme deve ser visto, a sala de cinema. É aproveitar enquanto por lá fica porque, ao longo das suas três horas de meia de duração, Martin Scorsese, autor lendário de “Taxi driver”, “Tudo Bons Rapazes” ou “A Idade da Inocência”, entre tantos outros clássicos do cinema das últimas décadas, dá de novo uma autêntica lição em como contar uma história.
A ação de “Assassinos da Lua das Flores” passa-se na década de 1920, nos Estados Unidos, no meio da comunidade dos índios Osage, milionários por terem descoberto petróleo nas terras que lhes foram destinadas enquanto reserva. Mas há uma família que tem uma estratégia para desviar a sua fortuna, liderada por um patriarca interpretado por um genial Robert De Niro, e que inicia nas suas atividades criminosas um novato agora chegado ao local, que tem a pele de Leonardo DiCaprio. No entanto, os diversos assassinatos de índios Osage levam a uma investigação do recém-criado FBI de Edgar J. Hoover…
Martin Scorsese fez de novo apelo aos seus atores fétiche, Robert De Niro e Leonardo DiCaprio, juntou-lhes uma soberba Lily Gladstone, oriunda de uma outra comunidade de nativos americanos, transformou um livro já existente, baseado numa história verídica, numa obra autónoma, consultou, trabalhou com e respeitou os índios Osange e oferece-nos ao mesmo tempo uma verdadeira tragédia americana e um dos grandes momentos cinematográficos do ano..