Projeto de Meg Remy está de volta com “Scratch it”, disco mais voltado para o soul, gospel, disco e funk.
Corpo do artigo
O projeto chama-se U.S. Girls, mas a força criativa por detrás da entidade musical é uma rapariga: a autora e produtora Meg Remy, que está de volta aos discos com “Scratch it”, editado pela 4AD a 20 de junho.
Natural de Chicago, sediada em Toronto, Meg Remy é há anos reconhecida como uma das criadoras mais aclamadas da eclética cena musical da cidade onde vive.
Artista visual e escritora, além de cantora e compositora, há quase duas décadas que Remy edita discos surpreendentes, a solo ou com a alargada banda que lhe dá suporte, e que lhe já valeram várias nomeações. Agora, menos de dois anos depois da maternidade e do último e aclamado “Bless this mess”, de 2023, surge novo trabalho, que terá começado a nascer num festival no Arkansas e num convite ao guitarrista Dillon Watson, que se juntou a Jack Lawrence, Domo Donoho, Jo Schornikow, Tina Norwood e Charlie McCoy para uma composição feita quase por impulso, durante dez dias, em gravação multipista.
O disco foi apresentado com um single de 12 minutos, “Bookends”, homenagem a Riley Gale, vocalista dos Power Trip, uma música que é praticamente um álbum em si, além de uma viagem ao passado, mescla de sons e sentimentos. O tema é acompanhado por um vídeo cinematográfico, para a realizadora Caity Arthur “sobre morte e absolvição”.
Aqui, como noutras canções, é notório o afastamento de Meg das sonoridades mais avant-pop, sofisticadas e com recurso a computadores que marcaram os seus últimos trabalhos, e um regresso ao passado, dela e musical: à gravação em pistas, à crueza, ao instinto. E ao funk, soul, gospel, disco, folk, com os muitos dos ambientes, detalhes, estética e vocais a parecerem saídos dos anos 60 ou 50.
O single “Like James said” é aliás um aceno ao rei James Brown, numa música sobre o poder curativo de dançar sozinho. Nela, Remy canta, e lembra, como “temos de dançar até nos sentirmos melhor”.