A Câmara de Matosinhos lança, na terça-feira, feriado municipal, mais uma obra dedicada ao Senhor de Matosinhos. Um “Dicionário do Sagrado e do Profano”, com prefácio do escritor Valter Hugo Mãe, que fará a apresentação, pelas 16 horas, no Salão Nobre dos Paços do Concelho.
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Pode um livro com cerca de 400 páginas ser de “consulta rápida”? Pode, quando se trata de um dicionário. Não é para ler todo de uma vez, é para desfrutar de vez em quando. Sendo um dicionário, segue a ordem do alfabeto, de “A” a “Z”, para as suas 65 entradas, todas escritas por técnicos da autarquia: José Varela, Luís Soares, Pedro Dâmaso, João Moreira, Joana Lima, Azevedo e Conceição Pires.
No “A” de “Alfaias litúrgicas”, Luís Soares explica que elas são “em grande parte fruto de numerosas dádivas de crentes e devotos do Bom Jesus de Matosinhos”, a maioria do século XIX, com destaque para uma cruz com “relíquias do Santo Lenho, o madeiro onde Cristo terá sido crucificado”. No “Z” do “Zimbório do Senhor do Padrão”, Conceição Pires lembra que tudo começou com um cruzeiro erguido em data incerta, para “assinalar o berço da cristandade destas terras”, e depois pelo zimbório construído no século XVIII (“talvez em 1733”).
Mas pelo caminho deste livro, que se percorre folheando, o leitor poderá passar pelo Brasil, pelos ex-votos, pelas farturas, a feira da louça, o fogo-de-artifício, a lenda de Cayo Carpo, o arquiteto italiano Nasoni ou a tômbola do Padre Grilo. De tudo de fala, tudo se procura explicar neste livro que é, como todos os dicionários, e para citar o prefácio de Valter Hugo Mãe, “a contabilidade da Criação”, em que se anseia “albergar todos os nomes e todos os conceitos”. Um “livro que é para consultar como quem vai ao cofre. De cada vez que o consultamos ficamos milionários”.
Um livro que, diga-se, não é o primeiro sobre o Senhor de Matosinhos e também não é o primeiro com lançamento no dia dedicado ao padroeiro da terra. Como escreve Fernando Rocha, o vereador da Cultura, no seu próprio “A” a “Z”, que fecha as 400 páginas deste “Dicionário do Sagrado e do Profano”, “o livro das festas passou a ser um clássico da programação. Não por qualquer capricho, mas como forma de fixar memórias, registar momentos, caracterizar épocas nem que seja pela forma de vestir e pentear. Cada livro é mais um capítulo na longa história do Senhor de Matosinhos”.