Crystal Fighters brilharam com o espetáculo que até agora mais se afastou do ADN do festival. Este sábado o rock regressa em força.
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Encontramos Paula Carrasqueira e Maria Pereira, mãe e filha, pelo terceiro dia consecutivo do CA Vilar de Mouros. Sempre no mesmo local. Sempre chegadas pela mesma hora. Sempre até ao alinhamento terminar. Conhecem uma ou outra banda, mas foi a vontade de mais uma experiência em conjunto que as motivou a vir. O que levam de melhor do festival? As sonoridades que desconheciam e das quais passaram a ser fãs. São estes festivaleiros que provam que Vilar de Mouros não é só para o público fiel. É também para os novos. E para fazer descobertas - mesmo que seja de música antiga.
A noite desta sexta-feira certamente serviu esse propósito para muitos. Julgue-se pela chegada de Crystal Fighters. Depois de um final de tarde de introspeção, com os instrumentais da banda local Sulfur Giant, e de um início de noite que não cativou para lá do círculo de fiéis dos Capitão Fausto na frente, o grupo anglo-hispânico, que pisa o certame caminhense pela segunda vez, começou em terreno árido. Nem a entrada energética, saltitona e sedenta de aplausos dos cinco Crystal Fighters arrancou qualquer entusiasmo. Mas não tardou até que a narrativa se alterasse.
Combatentes de cristal
A mistura de influências, pautada por energia e batidas rápidas e orelhudas, chamou quase todos os festivaleiros para a frente (ainda que, nesta sexta-feira, todos juntos não completassem muito mais do que meia casa). O público, claramente desconhecedor do que ouvia, rendeu-se. Em menos de 20 minutos, a apatia deu lugar a gritos, aplausos e corpos em movimento. Da linha da frente até à régie.
Voltemos a Paula e Maria. Foram claramente convencidas pelo espetáculo certeiro dos Crystal Fighters - e até os braços levantavam a ondular. Na primeira noite, a mãe destaca Legendary Tigerman, que desconhecia, mas que passará agora a ouvir dedicadamente. Já a filha, ainda que “contente pelas descobertas destes dias”, não deixou de dar ênfase à banda de que veste a camisola: Xutos & Pontapés.
Paula Carrasqueira tinha estado em Vilar de Mouros há 20 anos. No regresso, vê um festival “mais organizado, com menos enchentes e mais agradável para as famílias”. E as duas dizem: “Será certamente para repetir”.
Recorde-se ainda que no segundo dia de Vilar de Mouros, os Xutos & Pontapés foram a causa da união de todos os festivaleiros - com um impressionante coro em uníssono para “Homem do leme” -, mesmo num dia dedicado ao metal. E no qual foi percetível a presença de um público específico e muito fiel.
A edição de 2024 de Vilar de Mouros chega ao fim este sábado à noite. O último acorde será dado por The Darkness. A banda de hard rock britânica foi formada nos anos 2000 e aterra pela primeira vez no certame mais antigo do país. O quarto e último dia pertencerá, quase na íntegra, ao rock. E em mais de metade ao Reino Unido - além de The Darkness, contar-se-á ainda com The Libertines e The Waterboys - a banda Mike Scott já ali tocou o seu super êxito “The whole of the moon” em 2016.