Organizador recusa ser certame da saudade e do género único. Acontece entre 21 e 24 de agosto.
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O Vilar de Mouros abre portas amanhã pelas 16 horas. Mas um festival - especialmente da dimensão do mais antigo do país - faz-se, antes de mais, das centenas de pessoas responsáveis por que ele aconteça. Esta segunda-feira, a tranquilidade de todo o ano junto à ponte medieval deu lugar à azáfama. Ora vem um camião, ora se sopra as folhas em torno da Capela de Santo Amaro, ora vem a empilhadora estridente a envergar ferros.
Atravessámos o descampado - que sem as milhares de pessoas que por ali passarão parece bem maior - para encontrar Paulo Ventura, organizador do Vilar de Mouros, em cima do palco. Entre gestos e tentativas de fugir ao sol alto que não dá margem para muitos olhares, acaba por descer.
Decisões de última hora
“Está tudo a correr bem.” É o primeiro vaticínio. E um sinal de calmaria depois de, há cerca de duas semanas, o cancelamento dos Queen of the Stone Age ter levado a decisões de última hora.
“Especialmente desde a pandemia, fazer um festival é uma incógnita, por isso habituámo-nos a imprevistos”, desanuvia Paulo Ventura. “Teria sido fácil desistir do primeiro dia, mas Vilar de Mouros é fazer o esforço pelos festivaleiros e decidimos oferecê-lo”, diz. A gratuitidade (até ao limite do recinto) de amanhã chamará curiosos, pelo menos é essa a esperança. “Acho que virá público que nunca passou por Vilar de Mouros e, por isso, temos a expectativa que esta quarta-feira seja histórica”. Sobre o cartaz, Paulo Ventura dispensa “caixinhas”. “Este não é um festival de heavy metal, é de artistas que têm peso.”
Mas há mais que este festival não quer ser. “Também não somos um festival da saudade, o que temos são artistas com uma história para contar.” O organizador remata afirmando-se livre de rótulos e ideias e géneros únicos. “O rock será sempre o caminho, mas com espaço para tudo o que tenha uma história para ser contada.” Porquê? Porque “Vilar de Mouros é o festival das boas histórias”.
Em dia de montagens, saltam à vista, ainda por terminar, algumas mudanças. Depois das queixas da edição passada, em especial no dia de “James”, banda que causou filas de perto de um quilómetro na entrada, reorganizar era fundamental. Paulo Ventura conta que “os locais de alimentação e bebida foram alterados, de forma a se circular melhor”. Na entrada, “há a limitação geográfica, mas triplicou o número de corredores de ingresso”.
Nas estreias absolutas, há um espaço de descanso e o “meu primeiro camarim”, reservado a pais com bebés e crianças, onde haverá fraldário, casas de banho adaptadas, micro-ondas e sala de amamentação.