Banda de Fred Durst provoca a primeira enchente no festival do Alto Minho, que arrancou esta quarta-feira e segue diariamente com concertos até sábado. Público junta gerações muito diferentes.
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Tal como as equipas de futebol dos anos 1980 entravam no relvado a correr no início do jogo, assim fizeram os primeiros espectadores a penetrar no recinto do festival Vilar de Mouros 2023: soltaram-se como borboletas e chisparam pela relva na direção do palco.
Talvez a ânsia fosse a de guardar um bom sítio para assistir aos Limp Bizkit – a atuação estava marcada para várias horas mais tarde –, claramente a banda mais procurada no primeiro dia do festival, a avaliar pelas dezenas de t-shirts que circulavam e pelas preferências reveladas pelo público ouvido pelo JN.
E os norte-americanos, estandartes do cruzamento do metal com o rap, não fazem o pleno só com os fãs da sua geração (gente na casa dos 40 anos), mas também com mais velhos e mais novos, sendo mesmo os responsáveis pela quase lotação do recinto neste primeiro dia – o festival segue até sábado e por aqui ainda vão passar The Prodigy (quinta-feira), Pendulum (sexta) ou James (sábado), entre muitos outros.
Pais e filhos e público intergeracional
Luana Sá, 24 anos, vem de Seixas, lugar vizinho, atraída pela banda de Fred Durst: “Venho só por eles. Gostava de ficar mais dias, mas o dinheiro não dá para tudo”. Sobre o resto do cartaz, diz que também é “interessante” mas, tal como a amiga Diana Santos, de Vilarelho, só mesmo os Limp Bizkit é que a fazem ir à carteira.
Apenas por um dia veio também Duarte Monteiro, 49 anos, de Vila Pouca de Aguiar. E, adivinhe-se, a banda que o puxou foi aquela que se estreou em 1997 com “Three dollar bill, y’all”. “O resto do cartaz também não é mau. Tirando os James. Percebo que atraiam muita gente mas, dentro daquele estilo, já apareceu muita coisa mais recente e interessante”, diz.
O seu parceiro, Francisco Castro, de 54 anos, confessa um debute tardio no festival do Alto Minho: “Por uma razão ou outra, nunca tinha vindo. Admito que também gosto de coisas mais pesadas. Mas não podia deixar de conhecer o festival mais antigo da Península Ibérica”. Alojados no campismo, elogiam as condições e o enquadramento natural: “Há um espetáculo verde à nossa volta”.
Bem rodado pelas andanças no Alto Minho está Carlos Linhares, 58 anos, cidadão de Ermesinde, que trouxe o filho, Aníbal, já maior do que ele, para conhecer Vilar de Mouros. Espantosamente, não são os Limp Bizkit o magneto principal: Carlos prefere os Within Temptation, banda de metal sinfónico que atua amanhã e que já pisou aquele palco em 2005. Já Aníbal veio sobretudo pela “experiência”.
“Sou um cliente habitual”, diz o pai. “Vi muita coisa histórica por aqui. Este ano também há um bom cartaz, com coisas diferentes para diferentes públicos”. Com visual discreto, Carlos esconde a alma de “metaleiro”: “Sexta-feira é o meu dia, não só pelos Within, mas também pelos Apocalyptica. Vai ser um banquete”, regozija-se.