Como numa contagem coreográfica, hoje tome balanço: 5, 6, 7, 8 e... O Festival Dias da Dança arranca esta terça-feira.
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Nota para os supersticiosos e para os outros: serão 13 dias repartidos por 13 locais, matemática simples para que possa assistir a todos os espetáculos. Este ano, o Festival Dias da Dança (DDD) é mais compacto mas tem mais récitas, quase sempre duas por cada criação. Com a exceção de "Pantera", de Clara Andermatt e João Lucas, que dá o tiro de partida no festival, no Teatro Rivoli. "Pantera" é uma revisitação espectral da vida e obra do músico Orlando Barreto, capaz de injetar a alegria e a adrenalina necessárias para desfrutar tudo o que esta sexta edição oferece.
Até ao dia 1 de maio, o programa estende-se pelas cidades do Porto, Vila Nova de Gaia e Matosinhos, com 18 espetáculos em sala desdobrados em mais de 40 récitas. Teatro Rivoli, Teatro Campo Alegre, Teatro Nacional São João, Teatro Carlos Alberto, Museu de Serralves, Coliseu Porto Ageas, Palácio do Bolhão e o espaço Rampa, todos no Porto, mas também o Teatro Municipal Constantino Nery, em Matosinhos, e o Auditório Municipal de Gaia, são os locais onde poderá encontrar a programação do DDD 2022.
Desmontando a dança contemporânea
O que é a dança contemporânea? Num momento de viragem e de voragem, não sendo fundamental catalogar, é essencial entender que a sua amplitude foi alargada pelo movimento pendular a que fomos submetidos nos últimos anos devido à pandemia. Voltamos atrás para ver o que éramos e depois seguir em frente, fora e dentro do palco.
Diana Niepce é uma das artistas que mais tem para nos ensinar sobre esse renascimento. Essa evocação está também presente em espetáculos com influências orientais, como o de Piny; a pop em que Martim Pedroso conta a história da bailarina Marylin Ortiz; ou as danças urbanas e o hip-hop, como fazem Catarina Campos e Melissa Sousa.
A presença francesa é muito acentuada nestes Dias da Dança, a reboque da Temporada Cruzada Portugal-França, que traz a estética de Tatiana Julien, a poética de Christian Rizzo e a galáxia de Boris Charmatz. O espetáculo de Meg Stuart, com cenografia de Philippe Quesne, promete completar o rol dos ansiados regressos.
Numa declaração de intenções latente desde a primeira edição, a aproximação à dança feita no Brasil traz desta vez Bruno Beltrão, Gustavo Ciríaco, Marta Soares e um concerto de Luca Argel. Há também cinema no certame Panorama Raft, com a projeção de três obras.
Isto sem esquecer, naturalmente, o núcleo de dança que trabalha a partir do Porto. Apresentam novas criações no DDD Né Barros, Joana Castro, André Braga e Cláudia Figueiredo. Todas merecem ampla atenção
Mais de 50 programadores internacionais estão inscritos para assistir ao festival. É a possibilidade de um passaporte de circulação veiculado pelo certame.
Campeonato de voguing aberto a todos
Este ano há um importante momento de participação pública, no dia 30, com "The Deities Ball", um campeonato de voguing aberto a todos.
Para ajudar quem queira participar ou tenha curiosidade por esta cultura, há formações antes e depois do concurso. Esta será apenas uma das atividades a decorrer no Campus Paulo Cunha e Silva, um dos centros da dinâmica artística do festival, com uma forte componente formativa. Neste espaço, todos os dias, haverá oficinas para profissionais de dança e para curiosos. Este será também o local ideal para conhecer os quatro jovens coreógrafos convidados desta edição, para uma imersão no festival.